Panorama internacional

Governo palestino destaca atuação do Brasil ante conflito e quer cúpula de apoio a Gaza em Brasília

Segundo o chanceler palestino, Riyad Maliki, a Autoridade Nacional Palestina quer levar uma comitiva de chanceleres de países de maioria muçulmana para um encontro em Brasília. Outra opção para reunião seria a capital colombiana, Bogotá.
Sputnik
A ideia já foi apresentada, há poucas semanas, por Maliki ao chanceler brasileiro, Mauro Vieira, quando ambos se reuniram em Nova York às margens das reuniões do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"Estamos contemplando, como um grupo de chanceleres de países árabes e muçulmanos, de ir ao continente [latino-americano]. E para ver se podemos realizar uma reunião com um grupo de ministros", explicou o chanceler palestino em entrevista ao jornalista Jamil Chade no portal UOL.

Um dos objetivos do encontro seria o de angariar apoio por um cessar-fogo permanente que conduza à desocupação das terras palestinas. Isso ainda poderia levar a um processo no qual o reconhecimento palestino seja estabelecido como condição para qualquer acordo envolvendo Israel, escreve a mídia.
Além da opção por Brasília, outra alternativa seria um encontro em Bogotá. O governo colombiano tem sido um dos principais pontos de apoio dos palestinos na América Latina, revertendo uma postura de anos por parte de diversos governos da Colômbia, relembra o jornalista.
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Porém, o ministro palestino destacou o papel da diplomacia brasileira. "Estamos satisfeitos com o fato de que, no Brasil, as coisas estão estáveis", afirmou.

"O presidente Lula tem constantemente apoiado [a causa palestina]. Não apenas com declarações. Mas também com ações. Sempre que há uma oportunidade, vemos que uma declaração é feita, seja por ele ou por seus ministros", disse.

No entanto, Malik ressaltou que o apoio brasileiro não quer dizer o "apoio latino-americano" visto que não há mais "uma unidade" na interpretação do conflito entre Israel e Palestina ao longo dos anos.
"Não se pode mais falar em uma posição conjunta da América Latina. Hoje, temos governos de direita e de esquerda na região. Não há como dizer que um governo como o da Argentina seja próximo aos palestinos. Não há como fazer uma comparação ao posicionamento da Colômbia [por exemplo]", afirmou.
Quando na presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas em outubro, o Brasil tentou um acordo de cessar-fogo, mas mesmo com amplo apoio, a resolução foi declinada pelos Estados Unidos.
Ontem (12), a Assembleia da ONU aprovou uma resolução sobre a Faixa de Gaza exigindo o cessar-fogo e a libertação de reféns, conforme noticiado. No entanto, até o momento, o conflito continua no mesmo ritmo.
Na avaliação de Malik, há um "fracasso internacional" diante do que ocorre em Gaza. Para ele, se governos pelo mundo aceitam o que está ocorrendo nos territórios palestinos, não há como garantir que o sistema internacional de direitos humanos possa sobreviver por mais 25 anos.
"Quando mais de oito mil crianças morrem, quando escolas são atacadas e quando um só país pode frear qualquer ação, como podemos ousar dizer que os direitos humanos são universais?", indagou o ministro acrescentando que o mundo precisa ter a "a coragem de dizer que nosso sistema fracassou".
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