A reunião, que ocorreu nesta quarta-feira (13), reuniu os representantes dos líderes dos países — conhecidos como Sherpas —, vice-ministros de Finanças e representantes dos bancos centrais das nações que compõem o G20.
Segundo o presidente, o mandato brasileiro da Cúpula do G20 estruturará três eixos de ação: a inclusão social e o combate à fome e à pobreza; o desenvolvimento sustentável e a transição energética; e a reforma das instituições de governança global.
No primeiro eixo, Lula afirmou que vai criar a força-tarefa Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, baseada em três pilares: o primeiro a nível nacional, que implementará políticas públicas de efetividade já comprovada; um financeiro, que mobilizará recursos externos para essa implementação; e um pilar técnico, que estimulará a cooperação entre as nações.
"É inadmissível que um mundo capaz de gerar riquezas da ordem de US$ 100 trilhões (R$ 496 trilhões) por ano conviva com a fome de mais de 735 milhões de pessoas e a pobreza de mais de 8% da população", afirmou Lula.
Já no eixo de desenvolvimento sustentável, Lula criará uma força-tarefa de combate às mudanças climáticas, que promoverá a elaboração de planos nacionais de transformação ecológica e estímulo à bioeconomia. O presidente também deu destaque às tecnologias de inteligência artificial.
"O mundo não pode repetir, no tratamento da inteligência artificial, a divisão entre países responsáveis e irresponsáveis que uma vez marcou as discussões sobre desarmamento e não proliferação."
Uma nova governança global
Em seu terceiro eixo, Lula defendeu uma mudança radical nos sistemas de governança política e financeira mundial, pedindo a abertura de mais assentos no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial.
"Queremos enfrentar com seriedade o debate sobre o anacronismo das instituições de governança global, que já não têm representatividade", afirmou.
Quando constituído, os cinco-membros do CSNU representavam 10% dos membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, representam apenas 2,5%, apontou Lula. Já o FMI e o Banco Mundial contavam com 12 cadeiras para um total de 44 países-membros. Atualmente, as instituições têm cada uma 25 assentos para um total de 190 países. "Se mantida a proporção original, esses órgãos deveriam contar, hoje, com 52 cadeiras — o dobro de seu tamanho atual."
Para o presidente, no entanto, a representatividade dentro da gerência desses órgãos institucionais não é suficiente. É preciso mudar no cerne a forma como atuam.
Em seu discurso, Lula destacou que 3,3 bilhões de pessoas vivem em países que destinam mais recursos para o pagamento de dívidas do que para investimentos em educação e saúde. "Isso constitui uma fonte permanente de instabilidade política."
"Soluções efetivas pressupõem que os devedores, sejam eles de renda baixa ou média, possam se sentar à mesa para resguardar suas prioridades nacionais."