De acordo com o Financial Times (FT), a Comissão Europeia deve descongelar € 10 bilhões (cerca de R$ 49,5 bilhões) de fundos da União Europeia (UE) da Hungria bloqueados devido a preocupações com o Estado de Direito, na véspera de uma cúpula em que Orbán prometeu bloquear o apoio financeiro e político à Ucrânia.
Durante semanas, o premiê húngaro ameaçou vetar os planos do bloco de atribuir € 50 bilhões (cerca de R$ 247,5 bilhões) a Kiev durante os próximos quatro anos, bem como a decisão de iniciar negociações de adesão da Ucrânia à UE, desde que o financiamento do seu país não esteja totalmente desbloqueado.
A pressão sobre os líderes do bloco europeu para lançarem uma tábua de salvação financeira à Ucrânia, que mantém uma guerra por procuração do Ocidente contra a Rússia, está aumentando, após a tentativa malsucedida do presidente ucraniano Vladimir Zelensky de garantir o financiamento dos EUA durante a sua viagem a Washington no início desta semana.
Orbán sinalizou nesta quarta-feira (13) a disposição para "fazer acordos financeiros sobre questões financeiras", mas sugeriu que continuaria a se opor ao início das negociações de adesão à UE com Kiev, se utilizando do poder de veto uma vez que as decisões no bloco são tomadas por unanimidade.
12 de dezembro 2023, 18:14
Ainda segundo a apuração, não está claro se os € 10 bilhões, que Bruxelas está desbloqueando com base em uma reforma da justiça levada a cabo pela Hungria, serão suficientes para convencer Orbán a levantar o seu veto. Ainda assim, autoridades e diplomatas estão esperançosos de que um acordo possa ser alcançado até sexta-feira (15).
O diretor político do primeiro-ministro húngaro, Balazs Orbán (que não é parente do premiê), disse na terça-feira (12) à Bloomberg que a Hungria "consideraria contribuir" para o financiamento da Ucrânia, se a comissão desbloqueasse a totalidade dos fundos congelados de Budapeste, no valor de € 31,2 bilhões (cerca de R$ 154,4 bilhões) — muito embora diversos membros não acreditem que o país em questão tenha atingido os requisitos necessários para a liberação.
Em uma última tentativa de impedir que qualquer dinheiro fosse para Budapeste, os líderes dos maiores grupos políticos no Parlamento Europeu prepararam nesta manhã uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para expressar "profunda preocupação" porque acreditava que a Hungria não tinha cumprido as condições.
De acordo com o rascunho de uma carta obtido pelo FT na qual os líderes dos maiores grupos políticos no Parlamento Europeu se dirigem à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para expressar "profunda preocupação" ante a liberação de recursos a Budapeste, um dos principais pontos abordados é a "lei de soberania de defesa" do país que "permitiria ao primeiro-ministro criar uma nova autoridade diretamente sob o seu controle, equipada com poderes abrangentes, sem qualquer supervisão democrática".