Segundo uma investigação do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, traficantes de armas internacionais adotaram a tática de enviar cada componente dos fuzis e das pistolas em pacotes separados, de modo a se esquivar da fiscalização americana.
Para comprar um fuzil AR-15, exemplifica a matéria, é preciso ir até uma loja licenciada e passar por uma verificação de antecedentes do Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês).
No entanto, é possível fazer um AR-15 comprando cada parte de maneira individual por meio de sites da Internet que vendem essas peças.
De acordo com a legislação americana, o único componente regulamentado — no caso de fuzis — é o receptor inferior (lower receiver), em que o fabricante deve estampar a marca e o número de série. É por meio desse dado, da presença de informações de apenas um componente, que as autoridades identificaram o uso do método por facções da América do Sul, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e cartéis na Colômbia, na Bolívia e no Equador.
Por serem montadas partes por partes, os investigadores apelidaram essas armas como 'armas Frankenstein'.
Em cooperação com as forças de segurança norte-americanas, as autoridades brasileiras conseguiram identificar uma das rotas utilizadas para a entrada desses armamentos no Brasil. Os componentes eram comprados de diversos fornecedores nos EUA e entregues em Miami na residência dos traficantes.
De lá, as partes são escondidas em entregas de celulares, roupas, impressoras ou maquinários direcionadas ao estado do Amazonas. Uma vez no Norte do Brasil, as armas partem por terra para o resto do país, separadas ou já montadas.