A Ucrânia pode suportar a ausência de auxílio financeiro externo por "alguns meses", mas enfrentará dificuldades se a União Europeia e os EUA não resolverem a questão do financiamento a Kiev, disse a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), citada no domingo (17) pelo jornal britânico Financial Times.
Kristalina Georgieva disse que a recuperação econômica da Ucrânia seria prejudicada se o país fosse forçado a se "adaptar" à ausência de nova assistência financeira. Ela advertiu contra as consequências de políticas como a impressão de dinheiro, que Kiev estaria obrigada a seguir no caso de novos atrasos.
"O importante é não prolongar este período, pois assim haveria mais pressão sobre a Ucrânia para que se ajustasse [...] justamente quando o país se volta para melhores perspectivas econômicas", apontou ela durante uma visita à Coreia do Sul.
Georgieva garantiu que "o trabalho continuará nos EUA e na Europa" sobre novos pacotes de ajuda, e que continua "otimista de que eles conseguirão o financiamento", acrescentou.
Georgieva disse que a Ucrânia fez sua parte para conquistar o apoio de seus amigos.
"Eles tomaram medidas duras para manter a estabilidade macroeconômica e financeira. O FMI fez sua parte, nós nos engajamos profundamente com a Ucrânia. Precisamos que os parceiros da Ucrânia façam sua parte, tanto os EUA quanto a Europa", voltou a sublinhar a diretora da entidade de financiamento internacional.
O Congresso dos EUA não conseguiu aprovar na quarta-feira (13) um pacote de financiamento de US$ 60 bilhões (R$ 293,1 bilhões) para Kiev, mesmo depois que Vladimir Zelensky, presidente da Ucrânia, viajou a Washington para fazer lobby junto aos legisladores.
Além disso, em uma cúpula em Bruxelas, Bélgica, os líderes da União Europeia não conseguiram chegar a um acordo sobre um plano de financiamento de quatro anos de € 50 bilhões (R$ 270,2 bilhões) para a Ucrânia, há muito planejado, depois que Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, vetou a proposta.