A utilização pelo Hamas de drones comerciais modificados com bombas para realizar ataques expôs uma vulnerabilidade significativa nas alardeadas defesas aéreas e terrestres de Israel, uma vez que as táticas dominaram um oponente muito mais avançado, mesmo com o lado palestino tendo um orçamento apertado, ressalta a agência norte-americana.
De acordo com CEO da Heven Drones, Bentzion Levinson – cuja empresa fornece às Forças de Defesa de Israel (FDI) drones pesados e movidos a hidrogênio –, o atual conflito serve de alerta para TeL aviv.
"Temos esses drones enormes, esses veículos aéreos não tripulados, temos aviões, nossa tecnologia é muito mais avançada. O que esta guerra fez foi que percebemos que isso está acontecendo no nosso quintal, tanto na defesa quanto no lado ofensivo", afirmou Levinson ouvido pela mídia.
A mídia ressalta que Israel já atualizou o seu sistema Cúpula de Ferro para detectar grandes drones, mas muitos drones do Hamas ainda conseguem passar, escreve a agência. O Exército está testando um sistema baseado em laser projetado para interceptar foguetes menores e de curto alcance, embora só esteja pronto antes de pelo menos mais um ano.
Ainda segundo a mídia, algumas startups israelenses e voluntários já elaboraram novas defesas, à medida que as tropas do Exército envolvidas na invasão em curso da Faixa de Gaza são alvo de frequentes ataques de drones kamikaze DIY.
Um dos sistemas, é um aplicativo que conecta duas câmeras de celulares e sistemas de áudio para escanear os céus em busca de drones. Ele usa uma caixa impressa em 3D que pode ser montada em veículos e o grupo espera implementar rapidamente o sistema de alerta barato.
Vídeos publicados pela ala militar do Hamas desde o início da guerra, que não puderam ser verificados de forma independente, mostram drones a lançar granadas sobre tropas israelenses e a danificar veículos blindados.
Os ataques de drones palestinos continuam a ser uma ameaça potente, de acordo com Liran Antebi, pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional, com sede em Israel.
"Isso lhe dá a capacidade de usar munição precisa ou guiada, algo que até vários anos atrás apenas países muito avançados podiam fazer [...]", afirmou.
A eficácia do programa de drones do Hamas também agrava as preocupações crescentes de que intervenientes não estatais possam desenvolver armas mortíferas com tecnologia de dupla utilização, cujas vendas não possam ser monitorizadas.
14 de dezembro 2023, 08:54
Israel tinha pelo menos um sistema na fronteira de Gaza em 7 de outubro, dia do ataque, especificamente concebido para combater drones, mas ainda não estava operacional. As etapas finais dos testes foram agendadas poucos dias após o ataque surpresa, segundo a Sentrycs, que o desenvolveu.
"Estávamos atrasados por uma semana. Poderia ter sido uma virada de jogo", disse o vice-presidente da Sentrycs, Rotem Epelbaum.
Um porta-voz das FDI recusou-se a comentar a forma como Israel estava combatendo os drones ou a falha dos seus sistemas de alerta precoce: "Questões deste tipo serão analisadas em uma fase posterior", após a guerra, disse o porta-voz.