"Tornou-se óbvio que algumas forças externas estão tentando explorar este novo surto no conflito israelo-palestino para promover os seus interesses e desencadear uma guerra regional", disse o ministro em uma sessão plenária do Fórum de Cooperação Russo-Árabe no Marrocos.
Um conflito mais amplo vai dar continuidade à tendência estabelecida pelos Estados Unidos e seus aliados, acrescentou Lavrov. Ele acusou o Ocidente de estar por trás de duas décadas de instabilidade no Oriente Médio, que viu governos serem derrubados, centenas de milhares de pessoas serem mortas e outras fugirem para o exterior.
O ministro acrescentou também que a Rússia continua os seus esforços para garantir a estabilidade a longo prazo das relações Israel-Palestina, com base em um quadro jurídico reconhecido internacionalmente.
"Em coordenação com os nossos parceiros, sobretudo os parceiros árabes, continuamos os nossos esforços no interesse da estabilização da situação a longo prazo e da transferência do trabalho de resolução do conflito para o nível político e diplomático", sublinhou Lavrov.
Lavrov acrescentou que a posição da Rússia sobre o assunto coincide com a dos países árabes, que "reafirmaram o seu compromisso de resolver a crise com base em um quadro jurídico internacional universalmente reconhecido" na cúpula da Liga dos Estados Árabes (LEA) e da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) realizada no dia 11 de novembro de 2023, na capital saudita, Riad.
O Fórum de Cooperação Russo-Árabe foi criado em 2009 entre a Rússia e a LEA. De acordo com um memorando assinado no Cairo, os principais objetivos do fórum são continuar os esforços para estabelecer e consolidar a paz e a segurança internacionais, bem como contribuir para o desenvolvimento da cooperação econômica, comercial e financeira, incluindo a implementação de projetos conjuntos.
No dia 7 de outubro, o movimento palestino Hamas lançou um ataque com foguetes em grande escala contra Israel a partir da Faixa de Gaza, através da fronteira, matando mais de 1.200 pessoas e raptando cerca de 240 outras. Israel lançou ataques retaliatórios, ordenou um bloqueio total de Gaza e lançou uma incursão terrestre no enclave palestino com o objetivo declarado de eliminar os combatentes do Hamas e resgatar os reféns. Mais de 19.400 pessoas foram mortas até agora em Gaza como resultado do conflito, segundo as autoridades locais.
No dia 24 de novembro, o Catar mediou um acordo entre Israel e o Hamas sobre uma trégua temporária e a troca de alguns dos prisioneiros e reféns, bem como a entrega de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. O cessar-fogo foi prorrogado várias vezes e expirou no dia 1º de dezembro.