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Guerra de facções transforma 'capital do agro' em epicentro de violência no Centro-Oeste brasileiro

Na pacata cidade de Sorriso, localizada no coração do agronegócio brasileiro e considerada a mais rica do setor no país, a riqueza gerada pela soja e pelo milho contrasta com realidade sombria e violenta que assola suas ruas, ocasionada pela guerra de facções.
Sputnik
Nos últimos meses, o município se tornou palco de guerra entre os grupos criminosos, resultando em onda de violência sem precedentes.
O conflito entre o Comando Vermelho (CV), facção dominante no estado de Mato Grosso, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que chegou à cidade em 2022, tem deixado rastro de mortes e terror.
Na última segunda-feira (18), dois homens e uma mulher foram brutalmente assassinados no bairro Benjamim Raiser. Três dias depois, nova tragédia se desenhou — com sequestro seguido de morte de jovem de 23 anos, encontrado com mãos e pés amarrados.
Na sexta-feira (22), um jovem de 21 anos, baleado no pênis e na coxa, não resistiu aos ferimentos em um hospital da cidade.
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A Polícia Militar (PM) atribui os três crimes à intensificação da batalha entre os grupos criminosos. Sorriso, que registrou 78 mortes violentas no ano passado, incluindo 67 homicídios, uma após lesão corporal e 10 por resistência, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, agora lidera o ranking de mortes violentas no Centro-Oeste brasileiro.
O epicentro dessa guerra invisível está nas disputas territoriais entre o Comando Vermelho (CV), facção do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), grupo criminoso de São Paulo. A cidade, outrora tranquila, viu o surgimento da chamada Tropa do Castelar, um grupo formado por membros encurralados do CV e outros criminosos locais.
Essa nova facção, com cerca de 25 integrantes, aliou-se ao PCC após uma operação policial que enfraqueceu ambos os lados.
A entrada do PCC em Sorriso foi, segundo o delegado Bruno França Ferreira explicou ao jornal Folha de S. Paulo, oportunidade que surgiu devido ao enfraquecimento do Comando Vermelho na região.
O PCC sempre esteve presente na fronteira com a Bolívia, preocupado com a rota rodoviária para o tráfico de drogas para São Paulo e Paraná, que passa por Sorriso. A disputa territorial intensificou-se, levando a uma série de conflitos e mortes.
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Conforme a reportagem, apesar do cenário de guerra, grande parte da população parece viver em um mundo paralelo, alheia à violência que assola as ruas. Parques ficam lotados aos finais de semana, e o calor mato-grossense faz com que os moradores coloquem mesas e cadeiras de praia nas ruas para conversar. A violência, segundo alguns, está concentrada em um universo paralelo do crime.
O vice-prefeito Gerson Bicego (MDB) afirma ao veículo de imprensa que, apesar das estatísticas alarmantes, a violência não atinge diretamente a população local. No entanto, a onda de crimes cresceu após uma operação policial em novembro, resultando em retaliações esperadas pelas autoridades.
O secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, César Augusto Roveri, destacou que as mortes diminuíram com operações integradas, cumprimento de ordens de prisões e apreensões de bens de criminosos, mas a situação ainda é crítica.
Já o governador mato-grossense Mauro Mendes (União), ao ser questionado sobre o cenário em Sorriso, minimizou os eventos, caracterizando-os como "bandido matando bandido" e destacando as medidas diárias do governo para combater a violência.
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