Panorama internacional

Alemanha não deverá poder abandonar o carvão antes de 2030, avalia representante da indústria

O país não conseguirá suprir suas necessidades de energia com fontes renováveis, pois não há capacidade de armazenamento suficiente, segundo o presidente da Federação das Indústrias Alemãs.
Sputnik
O governo alemão pode não conseguir desativar as usinas elétricas a carvão antes do prazo, porque não tem uma estratégia de incentivos para a construção de novas usinas a gás, anunciou Siegfried Russwurm, presidente da Federação das Indústrias Alemãs.
"É extremamente irritante que possamos nos encontrar em uma situação em que tenhamos que continuar operando usinas elétricas a carvão por mais tempo, porque não há outra capacidade de reserva suficiente", disse Russwurm, citado pela agência alemã DPA.
Russwurm representa empresas como o gigante do setor industrial alemão Siemens Energy AG.
A Alemanha está apostando na energia renovável de origem eólica e solar para remodelar o fornecimento de eletricidade do país, e busca eliminar o carvão até 2030, oito anos antes da data oficial. No entanto, dois dos maiores fornecedores de energia da Alemanha disseram nesta semana que manterão algumas usinas a carvão em funcionamento por mais tempo do que o esperado anteriormente, após a decisão de um órgão regulador de proibir o fechamento das instalações antes de março de 2031.
Usina termelétrica a carvão (imagem referencial)
"Será necessário investimento privado, e tem que valer a pena, mesmo que sejam apenas algumas horas de operação por ano", apontou Russwurm.
"Sou fã da expansão das energias renováveis, mas a honestidade exige que digamos que precisamos de soluções de reserva. Estamos muito longe de ter capacidade de armazenamento suficiente", destacou.
Robert Habeck, ministro para Assuntos Econômicos e Proteção Climática, do Partido Verde, ainda não apresentou uma estratégia que inclua novas usinas a gás como reserva para os períodos em que não haja vento ou sol para cobrir a demanda de eletricidade. Elas funcionariam inicialmente com gás natural e, posteriormente, com hidrogênio neutro sem emissões nocivas. No entanto, até o momento as empresas de energia têm estado relutantes em investir.
A Alemanha tem dependido fortemente do carvão desde as sanções abrangentes impostas contra a Rússia após o início da operação militar especial na Ucrânia, e após ter fechado suas últimas usinas nucleares neste ano.
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