O preço do petróleo bruto no mercado global teria disparado se a Rússia não tivesse aumentado suas exportações para a Índia logo após o Ocidente impor sanções contra Moscou, por conta do conflito ucraniano.
A conclusão é de um relatório do Ministério do Petróleo e Gás da Índia sobre o tema, apresentado ao Parlamento de Nova Déli no dia 20, e divulgado nesta segunda-feira (25), pela mídia indiana.
"Se eles [refinadores indianos] não tivessem importado petróleo russo para a Índia, o que pode ser um grande número de 1,95 milhões de barris por dia, essa deficiência teria criado um caos no mercado de petróleo bruto e os preços teriam disparado cerca de US$ 30 a US$ 40 por barril [entre R$ 146 e R$ 195]", informa um representante do ministério, citado no relatório.
"O mercado do petróleo bruto é tamanho que com uma demanda de 100 milhões de barris por dia, se a OPEP [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] disser que vai reduzir em um ou dois milhões de barris por dia, os preços aumentariam entre 10% e 20% e chegariam a US$ 125-130 [entre R$ 611 e R$ 635]", acrescentou o funcionário.
A Índia é a terceira maior economia da Ásia, atrás de China e Japão, e o terceiro maior consumidor de petróleo cru do mundo, atrás apenas dos EUA e da China. O país depende da importação para suprir 85% de sua demanda, e tornou-se um grande consumidor do petróleo russo. Em novembro, as importações da commodity atingiu seu maior nível, totalizando 1,7 milhão de barris por dia.
Os preços globais do petróleo ultrapassaram o limite de US$ 100 por barril em 2022 (R$ 489), na sequência das sanções ocidentais contra a Rússia. Posteriormente, os preços recuaram e atualmente os preços do petróleo Brent, usado como referência, giram em torno de US$ 80 por barril (R$ 391).
Um dos fatores que contribuíram para o recuo dos preços foi a decisão de Moscou de redirecionar o fornecimento de petróleo para o Leste, o que fez Nova Déli aumentar as compras de petróleo russo com descontos. Neste ano, a Índia substituiu a União Europeia (UE) como o maior comprador de petróleo bruto russo transportado por via marítima.