Em uma entrevista ao Financial Times, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o Brasil deve considerar limitar a produção e a exploração de petróleo.
"Uma questão que terá de ser enfrentada é a questão dos limites, de um teto para a exploração de petróleo. É um debate que não é fácil, mas que os países produtores de petróleo terão de enfrentar", disse Marina à mídia britânica.
O Ministério de Minas e Energia estabeleceu a meta de aumentar a produção de 3 milhões de barris por dia no ano passado para 5,4 milhões até o final da década. O plano energético tornaria o Brasil o quarto maior produtor mundial, à frente do Irã, Canadá e Kuwait.
"O Brasil é produtor de petróleo. Este é um debate que terá de ser travado, mesmo em contexto de guerras. Estamos comprometidos com o objetivo de triplicar as energias renováveis. Mas tudo isso não pode ser feito se não discutirmos a questão dos limites à exploração. […] Não podemos desistir da transição energética. A segurança energética é necessária, mas também devemos pensar na transição. Ambas as coisas devem acontecer", disse Marina.
Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse ao jornal que não via "nenhuma contradição" entre as metas de petróleo e gás do país e a aspiração do governo Lula de liderar a transição mundial para a energia verde. Para Silveira, as receitas do petróleo ajudariam a financiar a mudança.
Nos primeiros nove meses deste ano, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu reduzir o desmatamento ilegal na Amazônia em mais de 60%, quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Agora em novembro, a porcentagem chegou a 80%, conforme noticiado. Porém, Marina disse que não reivindicaria vitória.
"Temos metas setoriais. Não é apenas o desmatamento. É também energia, indústria, transportes, uso da terra e agricultura. Todos estes têm metas de redução de CO2. Não podemos nos conformar com os resultados já alcançados porque, por melhores que sejam, precisarão ser melhorados", complementou.