O plano egípcio prevê a libertação escalonada de reféns ainda mantidos em cárcere pelo Hamas, que em troca receberia prisioneiros palestinos, a exemplo do que já ocorreu durante uma semana de pausa humanitária, que terminou no início deste mês.
Além disso, o país que faz fronteira com a Faixa de Gaza e tem recebido milhares de refugiados palestinos — mais de 80% da população ficou desabrigada por conta dos ataques de Israel — pede que todos os movimentos da região sejam chamados para a construção de um plano de reconstrução do território.
A Organização das Nações Unidas (ONU) já denunciou por diversas vezes que bairros inteiros foram destruídos e os ataques não pouparam sequer hospitais, abrigos e campos de refugiados. Também há diversas denúncias contra Israel por cometer crimes de guerra.
A visita foi confirmada à AFP por um oficial do Hamas baseado no Catar, país que também atuou nas negociações da pausa humanitária há cerca de um mês.
"Uma delegação de alto nível do escritório político do Hamas visitará o Cairo amanhã para se reunir com autoridades egípcias e apresentar a resposta das facções palestinas, incluindo várias observações, ao plano delas", disse.
Entre as exigências do movimento para a libertação dos reféns estão "garantias de uma completa retirada militar israelense de Gaza". Das 240 pessoas sequestradas desde o dia 7 de outubro, quando o Hamas realizou um ataque sem precedentes contra Israel, 80 pessoas já foram liberadas. Na ocasião, que levou o país judeu a declarar guerra, cerca de 1,2 mil pessoas morreram.
Tentativa de cessar-fogo
Diaa Rashwan, que lidera o Serviço de Informação do Estado do Egito, confirmou nesta quinta-feira (28) que Cairo apresentou uma proposta "destinada a reunir as opiniões de todas as partes interessadas, com o objetivo de pôr fim ao derramamento de sangue palestino, parar a agressão contra a Faixa de Gaza e restaurar a paz e a segurança regional".
"Esta proposta compreende três estágios sucessivos e interconectados que levam a um cessar-fogo", disse a declaração de Rashwan.
Solução de dois Estados
Com a escalada da guerra, voltou a crescer a pressão internacional sobre a solução de dois Estados: o de Israel, já implementado, e o da Palestina, cuja população até hoje vive em áreas dominadas militarmente pelo país judeu. O plano, aprovado na primeira metade do século passado na ONU, também prevê domínio internacional sobre Jerusalém.
Caso o acordo avance, o Estado palestino compreenderia os territórios da Cisjordânia, com quase 3 milhões de habitantes, e da Faixa de Gaza, que tem outros 2,3 milhões — aproximadamente 5,3 milhões de pessoas. Porém Israel defende que a região seja desmilitarizada para não ameaçar a sua própria segurança.
Outra disputa é com relação a Jerusalém: os palestinos defendem que a capital do Estado seja Jerusalém Oriental, que inclui os locais sagrados para muçulmanos, judeus e cristãos, enquanto Israel considera a cidade sua capital "eterna".