Na última sexta (29), o país sul-africano acionou o órgão das Nações Unidas acusando Israel de atos genocidas contra a população da Faixa de Gaza. Os bombardeios diários em todo o território, que tem cerca de 2,3 milhões de pessoas, já provocaram a morte de mais de 21,6 mil palestinos em menos de três meses.
O processo na CIJ alega "supostas violações de Israel de suas obrigações nos termos da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (a Convenção de Genocídio) em relação aos palestinos na Faixa de Gaza", conforme comunicado da entidade.
A África do Sul e a Autoridade Palestina, que também responde pela Cisjordânia, que tem outros 3,2 milhões de habitantes, são signatários da convenção.
"O que a África do Sul apresentou, baseando-se no Artigo 9 da convenção, e a violação de Israel dos Artigos 2 e 3, está totalmente alinhado com os deveres das nações para evitar a prática desse crime", disse a ANP, que pediu uma resposta rápida da corte às acusações para evitar ainda mais atos que possam ser enquadrados como genocidas.
Enquanto isso, o Hamas pediu que mais países apresentem ao tribunal da ONU pedidos de investigação contra Israel, que estaria ameaçando a paz e a segurança globais.
As perspectivas para a guerra não são nada boas e não há sinais de que vá parar nas próximas semanas. Mais de 85% dos 2,3 milhões de moradores de Gaza já precisaram abandonar suas casas e, diante dos combates que seguem intensos, a exaustão dos civis é cada vez maior.
Escalada do conflito
Só nas últimas 24 horas, segundo a Autoridade Palestina, 165 pessoas morreram em Gaza e os bombardeios sequer poupam a região próxima ao posto de controle de Rafah, na fronteira com o Egito. É por lá que chegam a conta gotas caminhões com alimentos, água, medicamentos e combustíveis e que saem os poucos palestinos permitidos por Israel a deixar o território.
De 24 de novembro a 1º de dezembro, durante uma trégua humanitária acordada entre Israel e Hamas, 80 reféns israelenses que estavam sob o poder do movimento, na sua maioria mulheres e crianças, foram trocados por 240 prisioneiros palestinos. Também foram libertados 30 estrangeiros, a maioria tailandeses que viviam em Israel. Cerca de 130 reféns ainda estão sendo mantidos em cativeiro em Gaza.
Com o fim da trégua, as operações de guerra foram retomadas e o fluxo de ajuda humanitária que chegava ao sul do enclave palestino proveniente do Egito foi reduzido a um quinto do que Gaza recebia antes do atual conflito, segundo a ONU.