No início do mês, uma luz no fim do túnel durou somente uma semana: após acordo entre o movimento e o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos, a região teve um cessar-fogo. Porém, o curto período não foi suficiente para agilizar a chegada de ajuda humanitária e mais de 90% da população passa fome.
As perspectivas para a guerra não são nada boas e não há sinais de que vá parar nas próximas semanas. Mais de 85% dos 2,3 milhões de moradores de Gaza já precisaram abandonar suas casas e, diante dos combates que seguem intensos, a exaustão dos civis é cada vez maior.
O sul de Gaza, localidade que a maior parte das pessoas se deslocou, passou a ser foco do conflito. "Chega dessa guerra! Estamos totalmente exaustos. Estamos constantemente deslocados de um lugar para outro no clima frio. As bombas continuam caindo sobre nós dia e noite", disse à AFP Umm Louay Abu Khater, uma mulher de 49 anos que fugiu de sua casa em Khan Yunis, buscando refúgio em Rafah.
Só nas últimas 24 horas, segundo a Autoridade Palestina, 165 pessoas morreram no território e os bombardeios sequer poupam a região próxima ao posto de controle de Rafah, na fronteira com o Egito. É por lá que chegam a conta gotas caminhões com alimentos, água, medicamentos e combustíveis, além dos poucos palestinos permitidos por Israel a deixar o território.
Hospitais destruídos pelos ataques israelenses
Conforme o Ministério da Saúde da Palestina, pelo menos 23 hospitais e 53 centros de saúde deixaram de funcionar por conta dos bombardeios. Médicos no hospital Nasser, em Khan Yunis, relatam o cenário de escassez.
"O hospital está recebendo muito mais (pacientes) do que sua capacidade, na verdade, estamos funcionando a 300 por cento de nossa capacidade. As camas estão cheias e estamos basicamente com falta de todos os tipos de suprimentos médicos", contou à AFP um profissional que não se identificou.
Ahmed al-Baz, um palestino de 33 anos deslocado da cidade de Gaza, disse que este ano foi o pior da sua vida. "Foi um ano de destruição e devastação", disse ele em Rafah, cercado por tendas em um acampamento improvisado. "Só queremos que a guerra acabe e começar o novo ano em casa, com um cessar-fogo declarado", afirmou.