As últimas tropas de manutenção da paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Mali estão prestes a concluir a sua retirada após dez anos de presença naquele país africano, segundo um comunicado publicado no domingo (31) em seu site.
"A operação de manutenção da paz da ONU no Mali está preparada para completar a sua retirada no domingo, após uma década de esforços multifacetados para apoiar a nação da África Ocidental e o seu povo, depois de as autoridades malianas terem solicitado este ano o fim da missão em 31 de dezembro", diz o texto.
A organização internacional recorda que a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização no Mali (Minusma) foi destacada no país em 2013, após uma violenta insurreição levada a cabo por rebeldes separatistas que tentavam assumir o controle do norte da nação e um subsequente golpe de Estado liderado pelos militares.
'Repercutiu na vida de muitos civis'
"Acredito que o nosso trabalho repercutiu na vida de muitos civis no Mali", disse El-Ghassim Wane, representante especial cessante do secretário-geral da ONU, António Guterres, e chefe da referida missão de paz, que contou com mais de 15.000 pessoas entre tropas e pessoal que prestou serviço em diferentes locais do país.
Ao longo dos dez anos de presença no Mali, 311 membros da Minusma perderam a vida e mais de 700 ficaram feridos. Segundo Guterres, a entidade tem desempenhado um papel fundamental na proteção dos civis, no apoio ao processo de paz, bem como na transição, nos seus esforços em favor do restabelecimento da autoridade do Estado e no "fornecimento de dividendos da paz" para a população.
O ministro das Relações Exteriores do Mali, Abdoulaye Diop, solicitou a retirada da missão durante uma reunião realizada no dia 16 de junho e, poucos dias depois, o Conselho de Segurança da ONU (CSNU) adotou por unanimidade a resolução 2690, que encerra formalmente o mandato anterior da Minusma e solicita a transferência de sua missão, bem como a redução e retirada segura e ordenada da missão antes de 31 de dezembro de 2023, que será seguida por um período de liquidação.
No entanto, as Nações Unidas garantiram que continuarão as suas operações no país africano. "Os fundos, agências e programas da ONU estavam no Mali muito antes do destacamento da Minusma e permanecerão no Mali muito depois da retirada", acrescentou Wane.