No dia 14 de janeiro, os governos de Suíça e Ucrânia sediarão, em Davos, a quarta reunião para trabalhar em uma solução para o conflito entre Rússia e Ucrânia, no entanto, mais uma vez, a pauta do encontro vai se limitar ao "plano de paz" de Vladimir Zelensky e não contará com a presença de representantes de Moscou.
A última reunião do grupo aconteceu em Riad, na Arábia Saudita, em dezembro. O Brasil foi convidado, mas não pôde comparecer por incompatibilidade de agenda do assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.
Entretanto, segundo a coluna de Jamil Chade no UOL, Amorim enviou uma carta às autoridades que mediaram o encontro e deixou clara a decepção do Brasil na condução do processo, uma vez que as reuniões não contam com a outra parte necessária para se chegar a um acordo, o lado russo.
"Inicialmente, fomos encorajados pelo potencial inexplorado do formato restrito desse grupo, que poderia eventualmente servir como um facilitador entre os dois lados em conflito [...]. Nossa contribuição teve como objetivo promover o diálogo, direto ou indireto, entre as duas partes […]", escreve o ex-chanceler na carta.
"[Mas] à medida que o conflito se prepara para entrar em seu terceiro ano, ainda não há abertura para o diálogo ou uma perspectiva confiável para o fim das hostilidades [...] a disposição das partes de se envolverem em conversas é fundamental para o sucesso de nossos esforços diplomáticos", constatou Amorim, apontando que foi justamente essa disposição que permitiu que a tensão entre Venezuela e a Guiana fosse impedida de ganhar novas proporções.
Procurado pela coluna, Amorim explicou que "considera" se irá até Davos, mas não deu certeza.
"Em nossa interação com a Rússia e a Ucrânia, enfatizamos constantemente nossa crença de que o diálogo é essencial para que esse processo produza resultados. Nós os convidamos a criar oportunidades diplomáticas […] o Brasil continua comprometido em renovar seu engajamento no processo de Copenhague, assim que houver disposição das partes em iniciar um diálogo autêntico […]", complementou o governo brasileiro na carta.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já alertou Zelensky que um processo de paz não pode ser unilateral, enquanto outros países emergentes, principalmente os do Sul Global, têm insistido que não há como endossar o plano do ucraniano, sem envolver os russos nos debates, escreve a mídia.