O vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, foi alvo de protestos por parte de agricultores irritados com os planos do governo para cortar subsídios ao setor agrícola como forma de equilibrar as contas públicas e impedir que a economia do país enfrente uma iminente recessão neste ano.
Habeck retornava de férias junto com a família quando foi impedido pelos manifestantes de descer da barca em que estava quando chegava ao litoral da cidade de Schluettsiel. O caso aconteceu na noite da última quinta-feira (4), e a confusão gerada pelo bloqueio à passagem do ministro levou quase duas horas.
Segundo a polícia local, mais de 100 agricultores participaram do protesto. Em dado momento, os manifestantes tentaram invadir a barca. Cerca de 30 agentes foram enviados ao local, e alguns precisaram usar gás de pimenta para dispersar os manifestantes. Diante do impasse, Habeck optou por retornar à ilha de Hooge, onde havia passado as férias.
O assessor de Habeck informou à imprensa que o ministro ficaria feliz em discutir a questão dos subsídios com os agricultores, mas que "a situação de segurança não permitiu o diálogo". Posteriormente, ele acrescentou que "o ministro propôs uma conversa individual com os agricultores, que infelizmente foi recusada".
O chanceler alemão, Olaf Scholz, vem sendo duramente criticado por agricultores desde que foi anunciado o plano para cortar subsídios ao setor como parte dos esforços para cobrir um déficit de 17 bilhões de euros (cerca de R$ 90,7 bilhões) nas contas públicas previstos para este ano.
O porta-voz do gabinete de Sholz, Steffen Hebestreit, publicou uma mensagem na rede social X (antigo Twitter), na qual classificou o episódio como "vergonhoso".
"O bloqueio à chegada do ministro de governo Habeck hoje a um porto de barcas é vergonhoso e viola as regras da coexistência democrática. Com toda a compreensão necessária para uma cultura de protesto viva, ninguém deveria se preocupar com tal brutalização dos costumes políticos", escreveu o porta-voz.
A crise econômica na Alemanha é causada, em grande parte, pela decisão do governo de apoiar a empreitada ocidental, liderada pelos EUA, contra a Rússia no conflito ucraniano. As sanções ao gás e petróleo russo minaram a capacidade do governo de manter o fornecimento de energia a indústrias e de manter a população aquecida. O país agora está à beira da recessão e busca formas de aumentar a arrecadação, o que inclui a retirada dos subsídios ao setor agrícola.
O cenário fez a popularidade de Scholz entrar em espiral descendente e, atualmente, a gestão do chanceler é desaprovada por 82% da população, segundo uma pesquisa recente do instituto de pesquisa alemão ARD-DeutschlandTrend. O percentual que representa quatro a cada cinco alemães é o maior já registrado por um chanceler no país desde 1997, quando a primeira pesquisa foi realizada.