Panorama internacional

Mesmo com inflação acima de 200%, FMI elogia políticas de Milei para 'proteger população vulnerável'

Os impopulares pedidos do presidente da Argentina, Javier Milei, para a desregulação da economia do país foram elogiadas nesta quinta-feira (11) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Para a entidade, essas medidas vão estabilizar a situação econômica do país sul-americano, além de conter a inflação e proteger a população vulnerável.
Sputnik
Em um mês no poder, os decretos de Milei acentuaram a desvalorização do peso e fizeram a inflação ultrapassar 200%. Além disso, manifestações populares estão praticamente proibidas no país por conta de ameaças do governo de cortar benefícios sociais de quem for flagrado nos atos.

"A nova administração já está implementando um plano ambicioso de estabilização. Esse plano se baseia em grandes ações iniciais de consolidação fiscal para reconstruir as reservas internacionais, corrigir desequilíbrios de preços relativos, fortalecer o balanço do Banco Central e criar uma economia mais simples, baseada em regras e orientada para o mercado", afirmou a diretora de comunicações da organização financeira, Julie Kozak, em entrevista coletiva.

Na última quarta (10), o FMI e o governo Milei selaram um acordo que busca reviver o programa de refinanciamento do empréstimo bilionário concedido ao país em 2018, durante a presidência de Maurício Macri.
Apesar dos elogios do fundo ocidental, a popularidade do presidente derreteu nas últimas semanas diante das decisões governamentais. Nesta semana, o Congresso começou a debater a polêmica Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, conhecida como Lei Ómnibus.
Em quase 700 artigos, a legislação declara emergência econômica, financeira, fiscal, além de segurança e defesa, com superpoderes para o presidente em um período de dois anos, podendo ser prorrogada por mais dois.
As novas medidas do governo também incluem demissões no setor público, redução de subsídios ao setor de energia e transporte público, além de corte drástico de gastos públicos, com a interrupção de todas as obras no país. Com isso, houve aumento nas contas de gás e luz, além das passagens de trem e ônibus, afetando diretamente a população mais pobre.
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Dívida de US$ 44 bilhões

O acordo entre o FMI e o governo Milei refinancia a dívida de US$ 44 bilhões (R$ 214,5 bilhões) do país após uma suspensão na segunda metade de 2023. Com isso, Buenos Aires ainda vai acessar cerca de US$ 4,7 bilhões (R$ 22,9 bilhões) nos próximos meses. Entre as metas estabelecidas pelo fundo internacional, estão o superávit fiscal de pelo menos 2% do produto interno bruto (PIB), além de reservas de US$ 10 bilhões (R$ 48,7 bilhões) até o fim deste ano.
Em 2023, a economia da Argentina teve uma contração de 2,5% no PIB, além de mais de 40% da população em situação de pobreza. Para 2024, a projeção do FMI é de um crescimento de 2,7%.
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