Fazendeiros alemães se reuniram no centro da cidade de Nuremberg para um tratoraço contra o fim dos subsídios ao setor agrícola anunciado pelo governo do chanceler alemão, Olaf Scholz. O ato reuniu 2,5 mil fazendeiros e faz parte do que foi divulgado como semana nacional de protestos contra a medida, segundo informou um correspondente da Sputnik.
Milhares de fazendeiros de toda a Alemanha conduziram os seus tratores até o centro da cidade da Baviera. Eles foram estacionados por toda a Volksfestplatz, histórica praça do país.
Muitos chegaram em grupos representando diversas gerações de agricultores. Alguns participantes, uma minoria, não eram fazendeiros, mas vieram ao protesto para expressar a sua solidariedade.
Um dos fazendeiros disse à Sputnik que veio protestar não apenas contra os últimos cortes de subsídios, mas também contra a política geral do governo em relação ao setor. Outro disse que muitos deles participaram de outros protestos em toda a Alemanha durante a semana e estão indo para Berlim na segunda-feira (15), onde será realizada uma manifestação final.
Em dezembro, o governo alemão anunciou planos para abolir os subsídios ao diesel para o setor agrícola em meio à crise orçamental, o que traria 440 milhões de euros (cerca de R$ 2,3 bilhões) para o orçamento federal. O governo também planeja acabar com os incentivos fiscais aos veículos para a silvicultura e a agricultura, o que pode gerar uma arrecadação de mais 480 milhões de euros (cerca de R$ 2,5 bilhões). O anúncio desencadeou vários protestos de fazendeiros em todo o país.
O porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, disse na semana passada que em vez de cancelar todos os subsídios ao diesel de uma só vez, os montantes seriam reduzidos gradualmente e os incentivos fiscais aos veículos para a silvicultura e a agricultura permaneceriam em vigor. No entanto os fazendeiros continuaram a protestar e a anunciar greves em todo o país.
Em resposta aos protestos, os líderes da coligação governamental alemã convidaram as associações de fazendeiros para uma reunião, marcada para a próxima segunda-feira. Há a esperança de que as negociações ajudem a encontrar uma saída, caso contrário os protestos poderão continuar, disse Henrik Wendorff, presidente da Associação de Agricultores do Estado de Brandemburgo, nesta sexta-feira.
Entre o governo alemão há o temor de que os protestos liderados pelos fazendeiros contribuam para criar o que analistas chamam de tempestade perfeita contra o governo Scholz. Antes carro-chefe da economia europeia, a Alemanha busca formas de evitar a recessão prevista para este ano.
A crise econômica alemã, em grande parte, é fruto da decisão de Berlim de se juntar aos EUA e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na sanção contra o gás e o petróleo da Rússia. A decisão gerou uma alta no preço da energia e dos combustíveis que teve impactos negativos em todos os setores do país.