Panorama internacional

Guerra assimétrica: por que os houthis têm menos a perder que o Ocidente coletivo?

As sanções econômicas podem ser uma arma tão mortal como qualquer projétil de artilharia ou míssil de cruzeiro. Exatamente por isso, a atividade dos houthis no mar Vermelho tem sido desesperadamente combatida pelo Ocidente.
Sputnik
"Os houthis podem, à primeira vista, parecer largamente superados pela armada dos EUA/Reino Unido que atacou o Iêmen, mas militar e economicamente, os EUA e a Europa são, na verdade, muito mais vulneráveis do que os houthis", relata o correspondente da Sputnik Russell Bentley.
Para Bentley, os EUA, o Reino Unido, a Europa e Israel têm muito mais a perder ante o bloqueio no mar Vermelho do que o movimento houthi, que conta ainda com o apoio do Hezbollah — uma das forças de combate mais eficazes do mundo hoje, com cerca de 100.000 soldados altamente treinados, motivados e muito bem armados no Líbano.
Para o enviado especializado em conflitos armados, os confrontos entre Hezbollah e Israel provavelmente devem se intensificar nos próximos dias.
Bentley recorda que na guerra entre o Hezbollah e Israel de 2006, na qual Israel invadiu o sul do Líbano, o Hezbollah foi capaz de infligir "baixas inaceitáveis" às forças israelenses, o que resultou na retirada das Forças de Defesa de Israel (FDI) e na assinatura da Resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). Embora as baixas libanesas tenham sido significativamente superiores às israelenses, o conflito é geralmente visto como uma derrota tática e estratégica para Israel. "Israel e os seus aliados — EUA e União Europeia [UE] — fariam bem em recordar ambas as batalhas antes de continuarem a escalar uma situação já extremamente volátil para além do ponto sem retorno", conta o correspondente.
"A escalada entre o Hezbollah e as FDI na fronteira sul do Líbano não apenas deve expandir a atual área de conflito para o Mediterrâneo Oriental, como poderá rapidamente se tornar uma séria ameaça para a cidade israelense de Haifa, a apenas 32 quilômetros da fronteira libanesa. Desta forma, tanto o porto, quanto a refinaria, seriam os alvos potenciais e teriam sérias repercussões para a economia israelense", acredita Bentley.
A ofensiva das forças navais dos EUA/Reino Unido contra os houthis envolveu ataques aéreos, bem como aproximadamente 100 mísseis de cruzeiro, a um custo de mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 4,8 milhões) cada. De acordo com material publicado pelo comando militar houthi e pela mídia ocidental, o ataque matou cinco houthis.
O jornalista chama a atenção para os gastos de US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 485,4 milhões) dos EUA e Reino Unido para matar cinco soldados houthis e agravar a situação já complexa na região.
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Com base nas garantias do governo houthi de que apenas o transporte marítimo ligado a Israel estava sob ameaça, a maior parte do tráfego marítimo do mar Vermelho podia na verdade continuar sem impedimentos. Entretanto, a partir de 13 de janeiro, após os ataques dos EUA/Reino Unido e a sua possível continuação, a Associação Internacional de Proprietários Independentes de Petroleiros (Intertanko), que representa quase 70% de todos os petroleiros, gás e produtos químicos comercializados internacionalmente, afirmou em comunicado aos membros amplamente divulgado pela mídia, na sexta-feira (12), para "ficarem bem longe" do estreito de Bab el-Mandeb, e alertou os navios que viajam para sul através do canal de Suez fazerem uma parada ao norte do Iêmen. Esta grande perturbação no tráfego de petroleiros pode muito bem ter uma influência negativa sobre os preços do petróleo. A Saudi Aramco já anunciou um desconto de US$ 2,00 (R$ 9,71) por barril a partir de fevereiro.
"Os houthis nem sequer precisam disparar contra mais navios — apenas a ameaça da possibilidade de lançamento de mísseis houthis ou da coligação foi suficiente para perturbar o tráfego marítimo do mar Vermelho, que transporta 12% de todos os bens comerciais globais, e uma quantidade impressionante de 30% de todos os produtos em contêineres. Na verdade, foi a 'coligação' EUA/Reino Unido que escalou a situação para níveis perigosos que agora interferem com muito mais transportes marítimos, incluindo o tráfego de petroleiros", concluiu Russell Bentley.
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