Panorama internacional

Ataques do Irã são 'calculados' e foram 'encorajados' por ações dos EUA e Reino Unido, diz analista

O Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC) realizou ataques que classificou como "retaliatórios" na capital do Curdistão iraquiano, Arbil, e em redutos do Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em vários países) na Síria. Para analista, ações foram "um movimento deliberado e calculado".
Sputnik
No início do dia, uma fonte de segurança no Iraque disse à Sputnik que uma série de explosões ocorreram em Arbil, perto do Consulado Geral dos Estados Unidos e do Aeroporto Internacional.

"Em resposta aos recentes ataques terroristas dos inimigos do Irã, quartéis-generais de espionagem e quartéis-generais inimigos de grupos terroristas anti-Irã em partes da região do Oriente Médio foram atacados com vários mísseis balísticos do IRGC", disse o IRGC, citado pela agência de notícias Tasnim.

Para Mehran Kamrava, professor de governo na Universidade de Georgetown, no Catar, a investida militar do país persa "foi um movimento deliberado e calculado", destinado a demonstrar as capacidades iranianas de mísseis.
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Guarda revolucionária do Irã reivindica ataque em base do Iraque próxima a consulado dos EUA (VÍDEO)
Uma das ações "foi o ataque com mísseis balísticos de maior alcance em que Teerã se envolveu, com cerca de 1.200 quilômetros", ressaltou.

"Foi uma demonstração deliberada do Irã para garantir que as suas capacidades de mísseis sejam conhecidas e que se saiba que os iranianos podem atingir os seus adversários a longas distâncias e fazê-lo com tremenda exatidão e precisão", disse Kamrava em entrevista à Sputnik.

O IRGC disparou mísseis balísticos contra um dos principais quartéis-generais do serviço secreto de inteligência israelense, Mossad, no Curdistão iraquiano e o destruiu, acrescentou o relatório.
Além disso, foi montado um ataque retaliatório com mísseis em território sírio, matando vários terroristas ligados aos recentes ataques mortais contra duas cidades iranianas.
Toda a situação na região é "altamente fluida e dinâmica, e é muito difícil prever com qualquer nível de certeza o próximo passo dos vários intervenientes envolvidos", continuou Kamrava.
A decisão do Irã, que pretendia ser uma retaliação às duas explosões em Kerman – que mataram cerca de 100 iranianos há cerca de uma semana – "foi uma resposta típica iraniana".
"Eles demoram, apesar da pressão interna, para uma resposta imediata. Eles calculam sua resposta, colocam sua inteligência em ordem", acrescentou.

Ação iraniana e ataques contra houthis

Já para Michael Maloof, ex-analista sênior de política de segurança do Pentágono, o Irã foi "encorajado" a atacar Arbil depois que os Estados Unidos e o Reino Unido realizaram ataques contra alvos dos houthis no Iêmen.
Esta "grande escalada" na região coloca agora Washington "na posição de ter de travar uma guerra em cinco frentes: Irã, Líbano, Faixa de Gaza, Iêmen e Síria", observou Maloof, acrescentou que os norte-americanos terão agora de colher as consequências por "apoiar Israel em um genocídio" que continua em Gaza.
Sírios olham para um centro médico abandonado na vila de Talteta que foi atingido por mísseis iranianos na noite de segunda-feira (15), Síria, 16 de janeiro de 2024
As forças estadunidenses e britânicas realizaram ataques aéreos e marítimos contra alvos dos houthis na semana passada, com o objetivo declarado de dissuadir ataques do grupo a navios que atravessam o mar Vermelho.
Hoje (16), instalações na província de Al-Bayda, no Iêmen, também foram atacadas, disse à Sputnik uma fonte das autoridades locais.
Os EUA e Reino Unido ou "fizeram um cálculo grosseiramente errado ao atacar os houthis" ou "procuraram deliberadamente desviar a atenção global do genocídio em curso dos palestinos por parte de Israel", disse Mehran Kamrava. Agora, a mídia ocidental encontrou uma desculpa conveniente para desviar a atenção de Gaza.

"Os EUA estão agora fazendo a política externa com base na próxima campanha presidencial", disse o especialista, com o objetivo de aumentar as hipóteses de reeleição de Joe Biden, que "enfrenta uma batalha muito difícil".

Olhando para o futuro, Michael Maloof alertou que o Irã poderá retaliar ainda mais se houver qualquer ataque direto dos Estados Unidos fechando o estreito de Ormuz.
"Portanto, este será provavelmente o próximo nível, e então os EUA responderão ainda mais, muito provavelmente atingindo as refinarias de petróleo, e isto criará uma escalada total. Esta é uma receita total para o desastre, Washington precisa detê-la imediatamente", complementou Maloof.
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Nesta terça-feira (16), o porta-voz da chancelaria iraniana, Nasser Kanaani, descreveu os ataques com mísseis no Iraque e na Síria "como a defesa da soberania do Irã e uma punição parcial por prejudicar a segurança do país".
"Isto fez parte da resposta da República Islâmica do Irã àqueles que agem contra a segurança nacional do país e a segurança dos cidadãos iranianos", afirmou Kanaani citado pela Tasnim.
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