Panorama internacional

Argentina: às vésperas de greve geral, tensão política cresce, com ameaças e decisões judiciais

Em reação às primeiras medidas tomadas pelo presidente Javier Milei, que tomou posse há pouco mais de um mês, a Argentina terá uma greve nacional convocada pela Confederação Geral de Trabalhadores (CGT) para 24 de janeiro. No ano passado, a inflação no país foi maior do que a da Venezuela e chegou a 211%.
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Diante da paralisação prevista, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, anunciou que os salários dos servidores que aderirem à greve serão cortados. "Decidimos descontar de todos os funcionários estatais. O salário é uma contraprestação, e é razoável que quem não trabalha não receba", disse.
Além disso, Adorni enfatizou que o governo ainda não compreende as demandas dos sindicatos e que há uma linha telefônica disponibilizada para que trabalhadores obrigados a participarem da greve denunciem os responsáveis. "Não há motivo para a greve. As razões são quase infantis, não entendemos", afirmou. Nos primeiros dias do mandato, Milei chegou a anunciar a demissão de 45 mil servidores federais, o que foi impedido pela Justiça dias depois.
Já o secretário-geral da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), Rodolfo Aguiar, declarou que a paralisação é de responsabilidade exclusiva do governo, por conta das políticas que, em pouco tempo, empobreceram rapidamente a maioria da população.
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Reforma trabalhista

A CGT convocou a greve geral também em protesto contra a reforma trabalhista que, segundo a entidade, precariza as condições de trabalho, facilita demissões, elimina indenizações, limita o direito à greve e prejudica funcionários dos setores público e privado.
No primeiro dia da greve geral, está prevista uma manifestação no centro de Buenos Aires, que já foi ameaçada de repressão pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, caso ocorra o fechamento das ruas.
Já nos tribunais, a Justiça do Trabalho na Argentina decidiu que o Supremo Tribunal de Justiça terá a última palavra para endossar ou não a reforma trabalhista. "Há razões que legitimam a intervenção do Supremo porque o funcionamento das instituições jurídicas é afetado [pela reforma]", informou.
As mudanças são aprovadas pela União Industrial Argentina (UIA), que defendeu que a proposta se adapta às novas necessidades trabalhistas. "As reformas propostas lançam as bases para que as novas contratações sejam mais simples e sustentáveis, uma vez materializada a recuperação econômica", afirma.
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