Diante da paralisação prevista, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, anunciou que os salários dos servidores que aderirem à greve serão cortados. "Decidimos descontar de todos os funcionários estatais. O salário é uma contraprestação, e é razoável que quem não trabalha não receba", disse.
Além disso, Adorni enfatizou que o governo ainda não compreende as demandas dos sindicatos e que há uma linha telefônica disponibilizada para que trabalhadores obrigados a participarem da greve denunciem os responsáveis. "Não há motivo para a greve. As razões são quase infantis, não entendemos", afirmou. Nos primeiros dias do mandato, Milei chegou a anunciar a demissão de 45 mil servidores federais, o que foi impedido pela Justiça dias depois.
Já o secretário-geral da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), Rodolfo Aguiar, declarou que a paralisação é de responsabilidade exclusiva do governo, por conta das políticas que, em pouco tempo, empobreceram rapidamente a maioria da população.
Reforma trabalhista
A CGT convocou a greve geral também em protesto contra a reforma trabalhista que, segundo a entidade, precariza as condições de trabalho, facilita demissões, elimina indenizações, limita o direito à greve e prejudica funcionários dos setores público e privado.
No primeiro dia da greve geral, está prevista uma manifestação no centro de Buenos Aires, que já foi ameaçada de repressão pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, caso ocorra o fechamento das ruas.
Já nos tribunais, a Justiça do Trabalho na Argentina decidiu que o Supremo Tribunal de Justiça terá a última palavra para endossar ou não a reforma trabalhista. "Há razões que legitimam a intervenção do Supremo porque o funcionamento das instituições jurídicas é afetado [pela reforma]", informou.
As mudanças são aprovadas pela União Industrial Argentina (UIA), que defendeu que a proposta se adapta às novas necessidades trabalhistas. "As reformas propostas lançam as bases para que as novas contratações sejam mais simples e sustentáveis, uma vez materializada a recuperação econômica", afirma.