Com placas chamando Netanyahu de "a face do mal" e exigindo "eleições agora", Israel registrou uma grande manifestação também em Haifa, no litoral do país. As pressões contra o primeiro-ministro cresceram após a divulgação de mais duas mortes de pessoas mantidas reféns pelo Hamas desde o dia 7 de outubro.
Avi Lulu Shamriz, pai de Alon Shamriz, um refém morto por engano pelas tropas israelenses no início da guerra, declarou à AFP em Tel Aviv que o gabinete de guerra de Netanyahu está a caminho de um desastre. "Do jeito que estamos indo, todos os reféns vão morrer. Não é tarde demais para libertá-los", afirmou.
Já o porta-voz militar Daniel Hagari revelou que as tropas israelenses encontraram um túnel em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, onde estavam cerca de 20 reféns, entre eles uma criança de cinco anos. "Encontramos evidências indicando a presença de reféns", declarou.
Essa mesma parcela foi às ruas para pedir ao gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que chegue a um acordo com o Hamas que garanta a libertação dos reféns.
Manifestações massivas ocorreram não muito longe do complexo governamental em Tel Aviv, fora da residência presidencial em Jerusalém e da residência do primeiro-ministro na cidade costeira de Cesareia, informou um correspondente da Sputnik.
A escalada da guerra contra o Hamas, que já deixou mais de 24 mil palestinos mortos só na Faixa de Gaza, tem gerado cada vez mais críticas por políticos rivais de Netanyahu.
Yael Niv, que participava do governo do país, defendeu que Israel precisa de uma nova gestão para corrigir o rumo do país. "A eliminação do Hamas não acontecerá por meio da guerra e escalada da violência", acrescentou.
Netanyahu prometeu destruir o Hamas em resposta aos ataques sem precedentes do movimento em 7 de outubro, que resultaram na morte de cerca de 1,1 mil pessoas em Israel, na maioria civis. Na época, mais de 240 pessoas foram capturadas e, após um cessar-fogo de uma semana em dezembro que permitiu a liberação de várias pessoas, pelo menos 132 seguem no território. Outros 27 foram mortos.
Os bombardeios que não poupam sequer escolas, hospitais e abrigos já deixaram quase 25 mil pessoas mortas na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e crianças, aponta o Ministério da Saúde palestino.
Guerra segue sem trégua no país
O primeiro-ministro israelense prometeu só encerrar a guerra na Faixa de Gaza quando os membros do Hamas foram mortos. Já a comunidade internacional denunciam que não há "clareza" sobre os objetivos do governo.
"Todo mundo no país, exceto sua coalizão venenosa, sabe que suas decisões não são para o bem do país, ele está apenas tentando se manter no cargo. Todos queremos vê-lo renunciar, mas ele nunca fará isso por meios próprios", enfatizou Yair Katz, manifestante de 69 anos.
Ainda antes do início da guerra, Netanyahu já enfrentava protestos contra as reformas que o governo tentava implementar, como a limitação dos poderes do judiciário.