A nova espécie recebeu o nome de Kwatisuchus rosai — 'Kwati' em referência ao termo tupi para "focinho comprido" e 'rosai' em homenagem ao paleontólogo Átila Stock da Rosa, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pioneiro na área.
O fóssil do crânio dessa espécie de anfíbio gigante pode colocar em xeque a teoria da Pangeia, sobre os continentes serem um só bloco, de acordo com os paleontólogos envolvidos na pesquisa. A publicação diz que os cientistas ficaram surpresos com o fato de os parentes mais próximos de Kwatisuchus serem todos encontrados na Rússia. Essa semelhança mostra que as faunas brasileira e russa tinham uma intrigante conexão em um passado distante.
Crânio do anfíbio gigante Kwatisuchus rosai
© Foto / Felipe Pinheiro / Divulgação Unipampa
"Naquele momento, os continentes estavam unidos em um supercontinente chamado Pangeia e a distância entre o Brasil e a Rússia era menor. Ainda assim, existiam barreiras. É incrível encontrar esse e outros animais que provavelmente conseguiram ultrapassar esses obstáculos" disse a ecóloga e paleontóloga Arielli Fabrício Machado, pesquisadora do projeto da Unipampa, feito em parceria com a universidade norte-americana de Harvard. "Suas similaridades com espécies russas instigam novos estudos para entender como essas conexões se deram."
A ossatura foi identificada em agosto de 2022, mas só recentemente, após limpeza, avaliação documental e coleta de dados e registros, os pesquisadores puderam concluir que o animal viveu há aproximadamente 250 milhões de anos.
Os estudiosos ressaltaram que no início do período Triássico, antes mesmo dos primeiros dinossauros, os anfíbios eram os animais dominantes nos ecossistemas.
O estudo acaba de ser publicado na revista científica especializada The Anatomical Record. Além dos cientistas do Brasil, o trabalho contou com a participação de Tiago Simões, da Universidade de Princeton, e da paleontóloga Stephanie Pierce, da Universidade de Harvard.