De acordo com nota divulgada pelo Palácio do Planalto, Lula se solidarizou com o presidente Noboa na situação de violência no país vizinho e reforçou a disposição do Brasil em ajudar o Equador por meio de ações de cooperação em inteligência e segurança.
Ainda segundo a nota, o presidente brasileiro destacou que a luta contra o crime organizado é também um desafio do Brasil, nos vários níveis de governo, agravado pela porosidade e extensão das fronteiras terrestres e marítimas do país.
"Ambos concordaram que os países sul-americanos devem estar unidos no combate ao crime organizado, que atinge a todos, e que o fortalecimento da integração regional é condição fundamental para a superação do problema. Ressaltaram, também, a necessidade de coordenação com países consumidores de drogas para o combate efetivo ao narcotráfico", diz a nota.
Uma das formas de intercâmbio seria por meio da Comunidade de Polícias da América (Ameripol), organização fundada no ano passado para estruturar a cooperação entre polícias de países do continente. A entidade conta com 30 países e se dedica à cooperação e ao intercâmbio de informações policiais. O Brasil ocupa atualmente a secretaria-geral da organização.
Na semana passada, a Polícia Federal brasileira ofereceu ao governo do Equador apoio na área de inteligência para o enfrentamento às quadrilhas ligadas ao narcotráfico, após reunião virtual que discutiu a crise no Equador com 14 países da Ameripol.
Entre os apoios previstos estão treinamento em investigações e ferramentas tecnológicas voltadas ao rastreio e à apreensão de bens e recursos financeiros de quadrilhas, com o objetivo de descapitalizar os criminosos e dificultar suas atividades ilegais. Também foram oferecidos treinamentos e equipamentos para a identificação de presidiários, com uso de recursos de biometria.
Crise no Equador
No dia 7 de janeiro, o líder da gangue Los Choneros, Adolfo Macías, o "Fito", fugiu da Penitenciária do Litoral, onde cumpria pena de 34 anos de prisão por tráfico de drogas e homicídio.
A fuga do criminoso gerou uma série de ações do governo equatoriano e, em resposta, de criminosos: ocorreram explosões nas ruas e violência, como o assassinato de dois policiais e o incêndio de carros, além da retenção de agentes penitenciários nos presídios.
Em meio à escalada da violência, o governo de Daniel Noboa estabeleceu um decreto executivo de estado de emergência por 60 dias, que deu às Forças Armadas e à Polícia Nacional mais poderes para neutralizar os grupos considerados terroristas.
Uma emissora de televisão chegou a ser invadida por homens armados e encapuzados durante a transmissão, em Guayaquil, no dia 9 de janeiro. Também houve registros de grupos armados dentro de universidades da cidade, quando tentaram assaltar estudantes.
Dias depois, em 17 de janeiro, o promotor que investigava o ataque à emissora de TV, César Suárez, foi assassinado, também na cidade de Guayaquil.
Houve também a fuga de Fabricio Colón Pico de outra prisão equatoriana. Capitão Pico, como é conhecido, é ligado à facção criminosa Los Lobos, que a procuradora-geral do Estado, Diana Salazar Méndez, acusou de participar de um plano para assassiná-la.