Panorama internacional

Abate do Il-76 sinaliza caos dentro do sistema político e militar da Ucrânia, analisa ex-coronel

A mídia ucraniana informou sobre o abatimento do avião, mas apagou informações depois que foi identificado que o Il-76 transportava prisioneiros ucranianos.
Sputnik
Nesta quarta-feira (24), o Ministério da Defesa russo confirmou que o avião de transporte Il-76, que voava do campo de aviação Chkalovsky, nos arredores de Moscou, para Belgorod, transportando militares ucranianos para uma planejada troca de prisioneiros de guerra, foi abatido por dois mísseis de defesa aérea da Ucrânia.
A pasta sublinhou que a liderança ucraniana "sabia muito bem que, de acordo com a prática estabelecida […], o contingente militar ucraniano deveria ser transportado em aviões de transporte militar para o campo de aviação de Belgorod" para uma troca de prisioneiros.
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Ao mesmo tempo, autoridades em Kiev mantiveram silêncio sobre o incidente durante grande parte do dia, abstendo-se até mesmo da tática tradicional de culpar imediatamente a Rússia.

"Devo mencionar as ações heroicas do comandante do avião, que foi capaz de desviar o Il-76, já em chamas, para longe da vila de Yablonovo. […] Viram e sentiram que o seu avião estava caindo e que, segundo testemunhas oculares, estava desmoronando no ar. Mas, naquele momento, conseguiram reduzir o número de vítimas. A coragem e o profissionalismo da nossa tripulação são dignos de elogios", disse Andrei Koshkin, coronel russo aposentado e especialista da Associação de Cientistas Políticos e Militares da Rússia, em entrevista à Sputnik.

A aldeia de Yablonovo tem uma população de cerca de 400 pessoas, o que significa que se o avião de 72 toneladas tivesse caído diretamente sobre o assentamento, transformaria a tragédia de quarta-feira (24) em um desastre envolvendo dezenas, senão centenas de civis mortos e feridos.
Mapa da região onde caiu o avião russo Il-76
No que diz respeito às ramificações militares e políticas do abate, Koshkin repetiu os comentários do Ministério da Defesa russo de que as autoridades em Kiev tinham conhecimento prévio sobre o voo e estavam cientes dos ucranianos no avião.
"Não foi uma tarefa particularmente difícil atacar um avião de transporte militar. O motivo, francamente, é uma provocação – uma provocação tanto dentro das Forças Armadas da Ucrânia como dentro do establishment político ucraniano", acredita Koshkin.
O militar acredita que "não será uma tarefa fácil para [Vladimir] Zelensky sair dessa situação, porque ele terá que explicar com que base o avião foi destruído e por quem".

"Esta é uma provocação séria […] se for verificado que foi organizado pela decisão de algumas forças internas ucranianas que procuram complicar a situação ou complicar a disputa interna entre, digamos, o establishment político e a liderança militar. Veremos em breve até que ponto a provocação será usada nesse confronto", concluiu.

Dmitry Kornev, fundador do portal analítico Rússia Militar, disse à Sputnik que o lado ucraniano certamente tem os meios para abater o avião Il-76.
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Kornev repetiu a análise de Koshkin de que a provocação desta quarta-feira (24) pode ser parte de uma conspiração maior, possivelmente relacionada à dependência de Kiev de quantidades cada vez menores de assistência militar e econômica do Ocidente.
"Vamos considerar várias possibilidades. [Vladimir] Zelensky está enfrentando uma situação difícil, um avião cheio de prisioneiros é abatido, isso pode ser distorcido em várias direções", disse o analista, sugerindo que a notícia poderia ser usada como prova de que "tudo está ruim para Zelensky, que tudo está perdido", e que ele "precisa de assistência ocidental urgente", complementou.
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