Em um artigo escrito para o portal Defense News, o contra-almirante aposentado Mark Montgomery e o militar e diretor sênior do Centro de Poder Militar e Político (CMPP, na sigla em inglês) da Fundação para a Defesa das Democracias, Bradley Bowman, acrescentaram que "se Washington não agir rapidamente para acelerar a implementação no Pentágono de capacidades de defesa contra mísseis hipersônicos, a dissuasão poderá falhar no Pacífico".
"[…] Existem muitos sistemas de mísseis balísticos que viajam a velocidades hipersônicas, mas os mísseis hipersônicos chineses apresentam um desafio adicional. Além de suas altas velocidades, esses sistemas incluem veículos planadores hipersônicos, que manobram pela atmosfera após uma fase inicial de lançamento balístico. Para piorar a situação, Pequim também está desenvolvendo mísseis de cruzeiro hipersônicos que utilizam motores que respiram ar […] para atingir altas velocidades e manobrar", escrevem os militares.
Portanto, essa combinação de velocidade e capacidade de manobra representa "um desafio assustador para os radares e interceptadores de defesa balística e de mísseis de cruzeiro existentes nos Estados Unidos", tornando difícil rastrear e destruir o veículo planador ou míssil de cruzeiro do adversário.
"A China possui diversas variantes hipersônicas que alavancam seu extenso trabalho em mísseis balísticos intercontinentais e de alcance intermediário. […] Pequim poderia usar esse sistema para atingir bases militares e frotas americanas e aliadas no Pacífico", relatam os analistas.
Para se igualar aos esforços chineses, Washington gastou mais de US$ 8 bilhões (R$ 39,4 bilhões) no desenvolvimento de mísseis hipersônicos ofensivos só nos últimos dois anos. No entanto, isso não foi o bastante, ressaltam.
O artigo sublinha que a Agência de Defesa de Mísseis (MDA, na sigla em inglês) dos EUA investiu no desenvolvimento de um interceptador de fase de planeio para destruir mísseis adversários em sua fase de planeio vulnerável antes de iniciarem manobras complexas na fase terminal.
Mas a administração Biden solicitou apenas US$ 209 milhões (R$ 1,03 bilhão) para programas de defesa hipersônica em seu pedido de orçamento para o ano fiscal de 2024, e o Pentágono solicitou menos de US$ 515 milhões (R$ 2,5 bilhões) em financiamento no ano fiscal de 2022 e no ano fiscal de 2023 combinados.
"Esses pedidos representam uma fração do financiamento dedicado às capacidades ofensivas e estão muito aquém do que é necessário. Essa falha em dar prioridade à defesa hipersônica tem consequências: o Departamento de Defesa disse em abril que não esperava colocar em funcionamento um sistema de defesa hipersônica até o ano fiscal de 2034."
Para os analistas, "esse atraso cria um risco inaceitável para as forças americanas e convida à agressão".
No ano passado, o Pentágono alertou em seu relatório anual que a China já possui "o maior arsenal hipersônico do mundo", e que tanto Pequim quanto a Rússia estão na frente dos Estados Unidos na produção de armas hipersônicas, conforme noticiado.