A passagem de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza, está aberta 24 horas por dia sete dias por semana, mas os procedimentos israelenses para permitir a entrada de ajuda obstruem o processo, afirmou o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, nesta quarta-feira (24).
"Isso faz parte da forma como eles exercem pressão sobre a questão da libertação dos reféns", acrescentou o presidente citado pelo jornal The Times of Israel.
Segundo a ONU, desde o início do ano, apenas três das 21 missões de ajuda humanitária para o norte de Gaza foram realizadas. Em causa, estão atrasos nos postos de controle israelenses. Na semana passada, o órgão disse que apenas 14% das missões humanitárias foram concluídas este mês, enquanto em dezembro a percentagem era superior a 70%.
"A capacidade de responder às grandes necessidades no norte de Gaza está a ser limitada pelas repetidas recusas de acesso por parte das autoridades israelenses", afirmou a ONU.
Já a Coordenação das Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT, na sigla em inglês), órgão responsável pela ligação do Ministério da Defesa de Israel com os palestinos, afirmou ao jornal que não há limite para a quantidade de ajuda que pode entrar no enclave, mas que deve ser verificada por razões de segurança.
"O papel de Israel na operação de ajuda humanitária a Gaza é um só: inspecionar a ajuda por razões de segurança. Nosso processo de inspeção é eficiente, e ampliamos nossas capacidades para maximizar as capacidades de inspeção. Não há limite para a quantidade de ajuda que pode entrar em Gaza", declarou o órgão.
O conflito entre Hamas e Israel já dura 110 dias e deixou mais de 25 mil palestinos mortos e cerca de 1.300 israelenses mortos, no entanto, o número aumentou ontem (23) após 21 soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI) serem mortos quando dois prédios que eles haviam minado para demolição explodiram.
De acordo com a NBC News, neste momento, as negociações estão se concentrando em um acordo de cessar-fogo de um a dois meses em troca de todos os 130 reféns israelenses que ainda estão com o Hamas.
Nos cerca de três meses e meio de conflito, a ofensiva terrestre e aérea de Israel destruiu grande parte da Faixa de Gaza e deslocou cerca de 90% da população. Atualmente, há um chuveiro no enclave para cada duas mil pessoas, de acordo com colunista Jamil Chade do portal UOL.
Até agora, as autoridades do Hamas recusaram-se a chegar a um acordo que não inclua um cessar-fogo permanente, uma retirada completa das forças israelenses de Gaza e a libertação de mais prisioneiros palestinos.