Panorama internacional

Ataques a tropas dos EUA no Iraque e Síria mostram 'aura de invencibilidade' perdida, diz analista

Captura de tela da base aérea de Bashur em Harir, Erbil, Iraque, em 2021
Na semana passada, enquanto discursava no Fórum Econômico Mundial em Davos, o primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, reiterou o seu apelo para que as tropas dos EUA abandonassem o país. O "fim da missão da coalizão liderada pelos EUA é uma necessidade para a segurança e estabilidade do Iraque", disse ele.
Sputnik
Esse apelo foi apoiado pelo brigadeiro-general Yahya Rasool, porta-voz do Comando Conjunto de Operações do Iraque, no domingo (21), um dia depois de vários foguetes e mísseis terem sido disparados contra a base aérea de al-Assad, que abriga tropas norte-americanas, ferindo alguns de seus integrantes.
"O governo iraquiano está decidido a pôr fim ao envio de forças estrangeiras ao país", disse Rasool. O ataque foi um de uma série de ataques que continuaram a atormentar as forças dos EUA na Síria e no Iraque.
Seyed Mohammad Marandi, professor de literatura inglesa e orientalismo na Universidade de Teerã, disse à Sputnik que "o governo norte-americano fez o governo iraquiano refém", observando que as vendas de petróleo iraquiano passam por contas bancárias nos EUA e "quando [os EUA] querem alguma coisa, não dão o dinheiro", até conseguirem "o que querem do Iraque".
No entanto, os ataques contínuos às forças dos EUA e a sua incapacidade de os evitar mudaram a percepção da América do Norte em todo o mundo. E "que eles visam regularmente as posições norte-americanas, os americanos perderam essa aura [de invencibilidade]", afirmou o analista. "Se você puder lançar alguns foguetes ou disparar alguns mísseis todos os dias, isso mostra que eles [...] não são uma potência real. Eles são vulneráveis. Eles são fracos".
Membros das forças de intervenção rápida do Iraque em vila na área de Hawi al-Azim, na província iraquiana de Diyala, em 24 de janeiro de 2022
Panorama internacional
Milícia iraquiana afirma ter atacado bases dos EUA no Iraque e na Síria
Mirandi argumentou que "os Estados Unidos pensam que estão ganhando dessa forma, mas estão apenas perdendo. [...] Não vai melhorar, vai piorar". O especialista explicou que as ações do governo dos EUA os tornam desprezados em todo o mundo, e disse que os EUA "são vistos como um bandido, um bandido com quem você tem que lidar [...]. Você sabe que tem que tratá-lo com respeito, mas você o odeia", reforçou. O professor comparou isso à China e à Rússia, que, segundo ele, não tratam os países da mesma maneira.
"Portanto, o seu poder brando, o seu poder econômico, o seu interesse econômico conseguem se expandir com muito mais facilidade", explicou. "Quando se trata dos norte-americanos, todos querem ter o valor mínimo que podem ter para mantê-los quietos, mas quando se trata de outros potenciais [...] parceiros, eles querem o máximo possível", explicou.
Marandi também falou sobre o desejo cada vez menor do governo dos EUA de criticar Israel em público e observou o quão interessante é que o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), aparentemente a razão pela qual os EUA tiveram de permanecer no Oriente Médio durante tanto tempo, não tenha como alvo as bases dos EUA e até atacou o Irã, sugerindo que "não se morde a mão que o alimenta".
Comentar