Panorama internacional

Ataques a tropas dos EUA no Iraque e Síria mostram 'aura de invencibilidade' perdida, diz analista

Na semana passada, enquanto discursava no Fórum Econômico Mundial em Davos, o primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, reiterou o seu apelo para que as tropas dos EUA abandonassem o país. O "fim da missão da coalizão liderada pelos EUA é uma necessidade para a segurança e estabilidade do Iraque", disse ele.
Sputnik
Esse apelo foi apoiado pelo brigadeiro-general Yahya Rasool, porta-voz do Comando Conjunto de Operações do Iraque, no domingo (21), um dia depois de vários foguetes e mísseis terem sido disparados contra a base aérea de al-Assad, que abriga tropas norte-americanas, ferindo alguns de seus integrantes.
"O governo iraquiano está decidido a pôr fim ao envio de forças estrangeiras ao país", disse Rasool. O ataque foi um de uma série de ataques que continuaram a atormentar as forças dos EUA na Síria e no Iraque.
Seyed Mohammad Marandi, professor de literatura inglesa e orientalismo na Universidade de Teerã, disse à Sputnik que "o governo norte-americano fez o governo iraquiano refém", observando que as vendas de petróleo iraquiano passam por contas bancárias nos EUA e "quando [os EUA] querem alguma coisa, não dão o dinheiro", até conseguirem "o que querem do Iraque".
No entanto, os ataques contínuos às forças dos EUA e a sua incapacidade de os evitar mudaram a percepção da América do Norte em todo o mundo. E "que eles visam regularmente as posições norte-americanas, os americanos perderam essa aura [de invencibilidade]", afirmou o analista. "Se você puder lançar alguns foguetes ou disparar alguns mísseis todos os dias, isso mostra que eles [...] não são uma potência real. Eles são vulneráveis. Eles são fracos".
Panorama internacional
Milícia iraquiana afirma ter atacado bases dos EUA no Iraque e na Síria
Mirandi argumentou que "os Estados Unidos pensam que estão ganhando dessa forma, mas estão apenas perdendo. [...] Não vai melhorar, vai piorar". O especialista explicou que as ações do governo dos EUA os tornam desprezados em todo o mundo, e disse que os EUA "são vistos como um bandido, um bandido com quem você tem que lidar [...]. Você sabe que tem que tratá-lo com respeito, mas você o odeia", reforçou. O professor comparou isso à China e à Rússia, que, segundo ele, não tratam os países da mesma maneira.
"Portanto, o seu poder brando, o seu poder econômico, o seu interesse econômico conseguem se expandir com muito mais facilidade", explicou. "Quando se trata dos norte-americanos, todos querem ter o valor mínimo que podem ter para mantê-los quietos, mas quando se trata de outros potenciais [...] parceiros, eles querem o máximo possível", explicou.
Marandi também falou sobre o desejo cada vez menor do governo dos EUA de criticar Israel em público e observou o quão interessante é que o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), aparentemente a razão pela qual os EUA tiveram de permanecer no Oriente Médio durante tanto tempo, não tenha como alvo as bases dos EUA e até atacou o Irã, sugerindo que "não se morde a mão que o alimenta".
Comentar