"Continuamos a acreditar que as alegações de genocídio são infundadas, e observamos que o tribunal não fez uma conclusão sobre o genocídio nem apelou a um cessar-fogo na sua decisão e à libertação imediata e incondicional de todos os reféns detidos pelo Hamas", disse o comunicado.
No início do dia, a CIJ reconheceu alguns direitos reivindicados pela África do Sul perante a Corte em que acusa Israel de cometer genocídio contra o povo palestino na Faixa de Gaza. O tribunal determinou que Israel tome medidas para prevenir o genocídio na Faixa de Gaza, mas não chegou a ordenar o cessar-fogo.
Com mais de 80 páginas, o documento sul-africano alega que Israel violou a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio da ONU, de 1948. As audiências — que tratam do processo da África do Sul contra Israel, acusado de violar a convenção na Faixa de Gaza — ocorreram nos dias 11 e 12 de janeiro, em Haia, nos Países Baixos.
A ação solicita medidas provisórias para que, até que o mérito seja apreciado, haja cessação das condutas de Israel na Faixa de Gaza. Em um primeiro momento, a corte deve apenas verificar a plausibilidade da ocorrência dos atos genocidas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, informou que enviará ainda hoje a decisão do tribunal ao Conselho de Segurança, disse o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, em um briefing.
"O secretário-geral recorda que, de acordo com a carta e o estatuto do tribunal, as decisões do tribunal são vinculativas e espera que todas as partes cumpram devidamente a ordem do tribunal", disse Dujarric.
Conflito já matou mais de 30 mil pessoas
Desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023, o número de residentes da Faixa de Gaza mortos por ataques israelenses ultrapassou os 27 mil e, de feridos, passou de 64,1 mil, informou mais cedo o porta-voz do Ministério da Saúde palestino no enclave, Ashraf al-Qudra.
Do lado israelense, os números são de ataques do grupo palestino, que causaram a morte de cerca de 1,2 mil pessoas e deixaram quase 5,5 mil feridos. O grupo também tomou 250 israelenses como reféns.
De 24 de novembro a 1º de dezembro, durante uma trégua humanitária acordada entre as partes envolvidas no conflito, 80 reféns do Hamas, em sua maioria mulheres e crianças, foram trocados por 240 prisioneiros palestinos. Além disso, as milícias palestinas libertaram mais 30 cativos, a maioria tailandeses que viviam em Israel. Cerca de 130 reféns ainda são mantidos em cativeiro em Gaza.
Quando a trégua expirou, as operações de guerra foram retomadas e o fluxo de ajuda humanitária que chegava ao sul do enclave palestino, proveniente do Egito, foi novamente reduzido a um quinto do que Gaza recebia antes do conflito, segundo a ONU.