Muhammad al-Shalalda, ministro da Justiça palestino, afirmou à Sputnik que a decisão unânime do tribunal é "um sucesso para a causa palestina", apesar de que a exigência mais importante da África do Sul, o fim imediato das operações militares na Faixa de Gaza, não tenha sido aceita pela corte.
"Agradecemos à África do Sul e aos juízes do Tribunal Internacional de Justiça pela sua imparcialidade, justiça e transparência na tomada destas medidas, que levarão a um julgamento justo para o povo palestino no futuro", disse al-Shalalda.
Para o professor Kamil Habib, da Universidade Libanesa, ainda que preliminar, a decisão da Corte Internacional de Justiça "expõe Israel à comunidade internacional" e indica que "existe um consenso internacional na condenação do governo de Benjamin Netanyahu".
"Esta decisão destrói ainda mais o mito israelense de que esta entidade [Israel] é sempre a vítima", disse Habib.
Al-Shalalda lembra que o julgamento ainda não foi concluído, e a segunda parte vai avaliar se o que está ocorrendo na Faixa de Gaza
constitui ou não o crime de genocídio. "Se for alcançado um julgamento que conclua que Israel é legalmente responsável por cometer genocídio, será
obrigado a compensar todos os danos causados ao povo palestino", afirmou o ministro.
"O veredito final que condena Israel pelo genocídio contra os palestinos levará muito tempo", explicou Habib.
Outro ponto importante tocado pelos especialistas é a questão da
praticidade da decisão do TIJ. As decisões da corte têm
"valor jurídico ao nível de uma ordem judicial" e "Israel é obrigado a implementar e respeitar estas medidas de acordo com o direito internacional", afirmou al-Shalalda.
Para Habib, é justamente isso que torna a questão complicada. Dentro do CSNU,
Israel tem um importante aliado: os Estados Unidos, com
poder de veto para impedir que Israel sofra as repercussões de não cumprir com as determinações do CIJ. "Isto constitui
uma violação das leis e normas internacionais", lembrou.
Por último, mas não menos importante, esse julgamento tornará mais fácil para as vítimas palestinas processarem Israel, disse o ministro, acrescentando que os crimes de genocídio contra a humanidade, ou crimes de guerra, não têm prazo de prescrição.