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Após Macron pedir suspensão do acordo UE-Mercosul, Brasil diz negociar 'com bloco, não com países'

Nesta terça-feira (30), a Comissão Europeia disse que as condições para a conclusão do acordo entre União Europeia e Mercosul "não estão dadas". Parte brasileira do bloco sul-americano afirma que negociações continuam.
Sputnik
A afirmação foi dada após o presidente da França, Emmanuel Macron, ter pedido ao bloco europeu que interrompesse as negociações sobre a implementação da parceria, segundo o jornal O Globo.
De acordo com a mídia, na semana passada Macron contatou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, solicitando o término das atuais negociações. Na noite de segunda-feira (29), um porta-voz da presidência francesa confirmou o pedido.

"O presidente expressou, em diversas ocasiões, sua oposição muito clara à conclusão do acordo a Von der Leyen. […] Entendemos que [Macron] deu instruções a seus negociadores para que coloquem fim às sessões de negociação que estavam em curso no Brasil e, em particular, à visita que a vice-presidente da Comissão Europeia [Vera Jourova] havia previsto em caso de conclusão", afirmou o porta-voz, acrescentando que o órgão europeu "entendeu que era impossível fechar" um acordo diante das condições atuais.

Depois da declaração, nesta terça-feira (30) a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, Tatiana Prazeres, afirmou que as tratativas para o acordo ocorrem no âmbito dos blocos, e não entre países.

"O Mercosul negocia com a Comissão [Europeia], não com Estados-membros. À luz do entendimento da última reunião do Mercosul, as negociações seguem no nível técnico. É difícil cravar uma data [para a conclusão da negociação]. Não faria isso aqui", afirmou Prazeres, citada pela mídia.

Não é a primeira vez que Macron se diz contra o acordo, mas este é o momento de maior pressão de agricultores franceses contra o governo, o que pode ter levado o presidente a sinalizar de forma mais incisiva sua rejeição.
Ontem (29) agricultores iniciaram o bloqueio de estradas ao redor de Paris, mobilizando ao menos mil tratores para interditar as sete principais vias que levam à capital francesa.
Entre o que é denunciado pela classe estão a queda de receita, as baixas aposentadorias, a complexidade administrativa, a inflação desatada por normas ambientais e a concorrência estrangeira, especialmente o acordo negociado entre a União Europeia e os países do Mercosul.
Quando se fala no acordo, a França sempre traz à tona a questão ambiental, dizendo que o Brasil não cumpriu metas específicas nessa área. No entanto, na visão de analistas e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os argumentos escondem um protecionismo francês, que não quer abrir seu mercado para o Mercosul.
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