O depoimento foi marcado para a próxima terça-feira (6), na sede da PF, em Brasília. Heleno foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e a Abin era então subordinada à pasta que ele comandava.
Ontem (29) a Polícia Federal realizou mandados de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. A operação é um desdobramento da ação realizada na última quinta-feira (25), que teve como alvo o próprio Ramagem. A PF também cumpriu mandados no gabinete do parlamentar municipal na Câmara dos Vereadores, na capital fluminense.
As investigações revelaram, segundo fontes ligadas ao caso, que Carlos teria sido beneficiado pela chamada Abin paralela em pelo menos duas situações. Uma assessora do vereador teria solicitado informações sobre inquéritos sigilosos envolvendo membros do clã.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação, afirmou que a existência de uma "organização criminosa infiltrada na Abin" foi significativamente comprovada pelas evidências coletadas até o momento.
De acordo com a decisão do ministro, a investigação aponta para a existência de um "núcleo político" envolvido na espionagem, que teria monitorado indevidamente "inimigos políticos" e buscado informações sobre investigações relacionadas aos filhos de Jair Bolsonaro durante seu mandato presidencial.
Estima-se que durante o governo de Bolsonaro aproximadamente 30 mil cidadãos brasileiros foram alvo de monitoramento ilegal pela Abin, de acordo com Andrei Passos, diretor-geral da PF.
O ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou, em entrevista à CNN, que as informações divulgadas pela imprensa brasileira foram distorcidas e que está havendo "uma perseguição contra a direita".