Em meio ao despontar do ex-presidente Donald Trump como possível candidato às eleições norte-americanas deste ano, a China disse que uma eventual vitória do republicano poderia levar os Estados Unidos a abandonarem Taiwan.
"Os EUA sempre perseguirão a América primeiro, e Taiwan pode passar de uma peça de xadrez a uma peça descartada a qualquer momento", disse Chen Binhua, porta-voz do escritório em Pequim que cuida de assuntos relacionados à ilha nesta quarta-feira (31) segundo a agência Bloomberg.
De acordo com a mídia, Chen estava respondendo a uma pergunta sobre uma entrevista que Trump deu à Fox News em julho, na qual evitou responder diretamente se, como presidente, defenderia Taiwan se a China atacasse.
"Se eu responder a essa pergunta, ficarei em uma posição de negociação muito ruim. Dito isso, Taiwan ficou com todos os nossos negócios de chips. Costumávamos fabricar nossos próprios chips. Agora eles são fabricados em Taiwan. Devíamos tê-los impedido. Devíamos tê-los tributado. Deveríamos tê-los taxado", afirmou o republicano na época.
Donald Trump para Maria Bartiromo: "Se a China tomar Taiwan, eles potencialmente desligarão o mundo".
Tradicionalmente, Washington adotou uma política de ambiguidade estratégica, reconhecendo as reivindicações históricas da China à soberania sobre Taiwan, mas mantendo relações não oficiais com Taipé e prometendo assistência defensiva.
Essa política ficou clara durante a administração Biden. O atual presidente disse quatro vezes que defenderia Taiwan em uma eventual invasão chinesa, ao mesmo tempo que afirma respeitar o princípio da política de Uma Só China. Com Trump, o posicionamento sobre a Ilha não fica muito claro.
"Durante a maior parte da administração Trump, um dos segredos mais mal guardados em Washington foi que Trump não se importava com Taiwan. Houve alguns rumores de que, de fato, ele até disse isso durante reuniões com autoridades chinesas", disse Evan Medeiros, ex-diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para a Ásia no governo do presidente Barack Obama ao jornal Nikkei Asia.
EUA e China travaram uma guerra comercial durante o mandato do republicano (2017/2021), quando os laços entre as nações se desgastaram devido a uma série de questões, incluindo as origens do coronavírus, a espionagem, a tecnologia e os direitos humanos.
Pequim vê Taiwan como uma província renegada que pertence por direito à China no âmbito da política de Uma Só China, enquanto a ilha autogovernada não declarou formalmente a independência, mas afirma já o ser e mantém laços próximos com os EUA.