Segundo Dudchak, que também é especialista no movimento "Outra Ucrânia", a tentativa de Zelensky falhou porque "ele esperava remover um concorrente político, não militar", disse em entrevista à Sputnik.
"E o fato de Zelensky ter oferecido o cargo de conselheiro [militar] diz muito. Ao assumir esse papel, Zaluzhny teria se afastado dos assuntos militares sem se tornar um concorrente político", disse Dudchak.
Ucrânia se vê dividida entre duas facções pró-Ocidente
Dudchak afirma que há duas facções ocidentais lutando para impor suas visões para a Ucrânia. A primeira é pró-EUA e inclui Zaluzhny, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) e algumas figuras do gabinete do presidente. O outro grupo é pró-britânico e inclui a Diretoria Principal de Inteligência do Ministério da Defesa, seu chefe Kirill Budanov, e o comandante das forças terrestres ucranianas, Aleksandr Syrsky.
"Então, por enquanto, a operação para substituir Zaluzhny foi simplesmente adiada. Isso não significa que ele não será removido."
O pesquisador esboçou os dois cenários procurados pelo Ocidente: Londres está mais interessada na continuação do conflito e em travar uma "guerra terrorista". Mas Washington está muito mais interessada em congelar o conflito, dado que as próximas eleições presidenciais ocorrem em novembro de 2024.
Zaluzhny conta com apoio do ex-presidente
O súbito apoio do ex-presidente ucraniano Pyotr Poroshenko a Zaluzhny demonstra que o conflito interno entre as elites ucranianas está ganhando força, de acordo com Dudchak.
Poroshenko foi fundamental para espalhar o escândalo sobre a possível derrubada de Zaluzhny, disse Dudchak.
O ex-presidente espalhou o pânico em Bruxelas sobre os esforços de Zelensky para se livrar do principal general. Suas ações foram um golpe para Zelensky, e Poroshenko ficou feliz em demonstrar sua lealdade a Washington salvando seu homem em Kiev, argumentou o pesquisador.
Embora a grande imprensa ocidental diga que Zelensky está decidido a despedir o principal comandante ucraniano, existe a possibilidade de que ele mantenha o seu posto, acredita o pesquisador.
"Na verdade, mesmo que renunciasse e entrasse na política, talvez essa fosse a melhor opção para ele, porque atualmente é problemático obter qualquer sucesso no campo de batalha", disse o especialista.
"Em tal posição, ele poderia ter dito que é um comandante brilhante e que todos os fracassos resultaram de decisões [de Zelensky], que não foram acordadas com a liderança militar. Isso realmente aconteceu, houve ações de Zelensky quando ele ou seu gabinete tentou controlar os militares, contornando o comandante-em-chefe. Portanto, essa seria uma opção muito boa para Zaluzhny."