Operação militar especial russa

Rússia desgasta defesas da Ucrânia enquanto Zelensky luta com seu comandante, diz mídia americana

Nesta quarta-feira (31), Olaf Scholz e diversos importantes líderes da União Europeia (UE) admitiram em uma carta que falharam no compromisso que tinham para a entrega de munições a Kiev. Enquanto fica sem apoio, a Ucrânia ainda enfrenta outra batalha entre seu presidente e principal general.
Sputnik
A Ucrânia está ficando sem armas para proteger suas cidades, com a assistência vital da Europa e dos Estados Unidos retida por disputas políticas, enquanto o presidente Vladimir Zelensky luta com o comandante de suas Forças Armadas por estratégia militar, escreveu a agência Bloomberg nesta quarta-feira (31).
Esta semana, o líder ucraniano tentou — e não conseguiu — afastar o general Valery Zaluzhny. Na análise da mídia, Zelensky procura uma abordagem mais ousada para o conflito após a contraofensiva fracassada do ano passado. Ele parece estar em desacordo com a visão mais conservadora do seu general.
Para sustentar essa "defesa ativa", como é conhecida a abordagem, a Ucrânia necessitará de fornecimentos constantes de granadas de artilharia e outras munições que os aliados estão enfrentando barreiras para fornecer.
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Porém, além do veto do Congresso dos EUA para a liberação de verbas para Kiev, os aliados europeus ficaram muito aquém do 1 milhão de cartuchos que prometeram entregar até 1º de março às Forças Armadas ucranianas.
Nesta quarta-feira (31), a UE reconheceu que foi forçada a adiar por vários meses a sua ambiciosa meta de munições, prejudicando a capacidade de munição de Kiev a curto prazo.

"No início do ano passado, a UE se comprometeu com um objetivo ambicioso de fornecer à Ucrânia 1 milhão de munições de artilharia antes do final de março de 2024. A dura verdade: não alcançamos esse objetivo. A Rússia não espera por ninguém e precisamos agir agora", diz o trecho de uma carta assinada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz; o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte; a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas; o primeiro-ministro checo, Petr Fiala; e a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen. A carta foi publicada hoje (31) no Financial Times.

Segundo Ann Marie Dailey, pesquisadora do think tank norte-americano Rand Corporation, se Kiev não tiver munições para manter a pressão, "a Rússia pode continuar a disparar artilharia enquanto a sua infantaria ataca as posições ucranianas".
Publicamente, as autoridades ucranianas dizem que continuarão a lutar contra as tropas russas, mesmo que o apoio aliado não chegue. No entanto, destaca a Bloomberg, os relatórios da linha de frente mostram que a situação é cada vez mais terrível, com as forças de Kiev lutando por vezes para conter as tropas russas, segundo autoridades ocidentais familiarizadas com as discussões que pediram anonimato à mídia.
Em uma reunião na segunda-feira (29), Zelensky pediu ao comandante que assumisse um novo papel como parte de uma remodelação destinada a revigorar a liderança militar da Ucrânia, mas Zaluzhny se recusou a renunciar o controle das Forças Armadas.
As tensões foram exacerbadas pelo fato de o comandante ter um apoio generalizado tanto do povo ucraniano como das suas tropas. O general tem o apoio de 88% dos ucranianos nas sondagens, segundo a Bloomberg.
Sobre os projéteis, "as tropas ucranianas estão disparando, em média, apenas cerca de um terço dos disparos que os russos disparam", segundo o ministro da Defesa da Estônia, Hanno Pevkur, citado pela agência norte-americana.
Os líderes da UE se reunirão amanhã (1º) para uma cúpula de emergência, a fim de tentar superar a oposição do governo húngaro à liberação de 50 bilhões de euros (R$ 259 bilhões) em ajuda para a Ucrânia.
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