No geral, o comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, analisa em seu artigo publicado na CNN nesta quinta-feira (1º) que a Ucrânia deve adaptar-se a uma redução na ajuda militar dos seus principais aliados e concentrar-se na ênfase à tecnologia.
"O desafio para as nossas Forças Armadas não pode ser subestimado. É criar um sistema estatal completamente novo de rearmamento tecnológico", afirmou.
O texto é publicado em meio a um turbilhão de rumores em torno do seu futuro, depois de vários meios de comunicação informarem que o presidente Vladimir Zelensky pediria a demissão de Zaluzhny do cargo. No entanto a mídia afirma que o texto foi escrito antes dos boatos desta semana.
O comandante também cita que os líderes militares da Ucrânia devem ter em conta uma série de desilusões e distrações fora do campo de batalha. Indiretamente, faz referência ao fracasso dos Estados Unidos em chegar a um acordo sobre um novo pacote de ajuda militar, bem como ao fato de os desenvolvimentos no Oriente Médio terem desviado a atenção internacional.
Ao mesmo tempo, ressalta que as sanções não surtiram efeito, o que "significa que a Rússia ainda é capaz de mobilizar o seu complexo militar-industrial".
Apesar de lamentar a falta da ajuda militar estrangeira, os problemas internos, descritos ao longo do texto, são claramente uma preocupação, especialmente no setor de mobilização de tropas.
"Devemos reconhecer a vantagem significativa desfrutada [pela Rússia] na mobilização de recursos humanos e como isso se compara à incapacidade das instituições estatais na Ucrânia para melhorar os níveis de mão de obra das nossas Forças Armadas", relata.
Em outro momento o comandante diz que a Ucrânia "continua paralisada pelas imperfeições do quadro regulamentar do nosso país, bem como pela monopolização parcial da indústria de defesa".
A divulgação do artigo também se dá em meio aos rumores de embate entre Zaluzhny e Zelensky. Tem sido ventilado na mídia que os dois desacordaram sobre posições militares, principalmente em Avdeevka, cidade pequena na região de Donbass, há algumas semanas. A forma como a mobilização de soldados está sendo feita também foi campo minado entre os dois ucranianos.
Enquanto os desentendimentos acontecem, a Rússia continua a avançar em sua operação militar especial, destruindo armamentos ucranianos e os enviados pelo Ocidente. Ontem (31) a revista Foreign Affairs destacou que as Forças Armadas da Rússia eliminaram a maioria dos tanques alemães Leopard 2 cedidos à Ucrânia.
Até o momento, foram destruídos 568 aviões; 265 helicópteros; 11.580 veículos aéreos não tripulados; 457 sistemas de defesa antiaérea; 14.877 tanques e outros veículos blindados de combate; 1.214 lançadores múltiplos de foguetes; 7.931 peças de artilharia de campanha e morteiros; e 18.124 unidades de veículos militares especiais ucranianos, resumiu o Ministério da Defesa hoje (1º).
A operação militar especial de Moscou foi iniciada em 24 de fevereiro de 2022, tendo entre seus objetivos principais a "desmilitarização e desnazificação" do país vizinho.