"Para milhões de pessoas envolvidas em conflitos em todo o mundo, a vida é um inferno mortal diário e faminto", disse Guterres na Assembleia Geral da ONU.
Segundo o secretário-geral, o que descreveu como "era do caos" significa a criação de uma "perigosa e imprevisível situação de vale-tudo", em um momento que o Conselho de Segurança vive um "impasse por fissuras geopolíticas".
Entre as questões que dividem o conselho, Guterres destacou a guerra de Israel na Faixa de Gaza. Ele acrescentou que esteve inquieto com as pretensões de Israel em concentrar sua ofensiva na região sul de Gaza, onde mais de um milhão de pessoas estão desabrigadas enquanto a localidade sofre com ataques aéreos e terrestres.
"Tal ação aumentaria exponencialmente o que já é um pesadelo humanitário, com consequências regionais incalculáveis", alertou.
O secretário-geral também criticou os Estados que procuram reforçar os seus arsenais de armas de destruição em massa, medidas que, segundo ele, servem apenas para aumentar a insegurança global e inflamar tensões regionais.
"Depois de décadas de desarmamento nuclear, os Estados estão a competir para tornar os seus arsenais nucleares mais rápidos, mais secretos e mais precisos", disse ele.
Guterres afirmou que, embora o Conselho de Segurança tenha sofrido divisões no passado, a situação atual pode ser descrita como "mais profunda e mais perigosa".
"Durante a Guerra Fria, mecanismos bem estabelecidos ajudaram a gerir as relações entre as superpotências", disse ele. "No mundo multipolar de hoje, tais mecanismos estão faltando", acrescentou.
Em seu discurso, ele também apelou para que os Estados "façam as pazes com o planeta", e se comprometam com as agendas climáticas, ajudando a diminuir as emissões prejudiciais e trabalhando para gradualmente parar com a utilização de combustíveis fósseis.