Corrêa Netto está em Washington, nos Estados Unidos, para onde foi em 30 de dezembro de 2022 para fazer um curso de medidas administrativas no Colégio Interamericano de Defesa. Fontes militares relataram à CNN Brasil que, logo após ter sido alvo da operação, o coronel foi desligado do curso.
De acordo com as investigações, Corrêa Netto é suspeito de convocar reuniões com militares "kids pretos" – também chamados de Forças Especiais (FE) – para atuarem em favor das manifestações nas portas dos quartéis e nos atos voltados no dia 8 de janeiro 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram depredadas.
Kids pretos são militares da ativa ou da reserva do Exército, especialistas em operações especiais, treinados para participar de missões com alto grau de risco e sigilo.
Agora, o Exército está providenciando uma passagem de volta para que Corrêa Netto retorne ao Brasil. Ele fará a viagem escoltado por um oficial da Força. Quando chegar ao Brasil, deverá ser recebido no aeroporto de Brasília por agentes da Polícia Federal. Depois, assim como os outros militares alvo da operação, ficará preso em área militar.
Na quinta-feira (8) a PF lançou a Operação Tempus Veritatis para investigar uma organização acusada de "tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito" nos períodos que antecederam e se seguiram às eleições presidenciais de 2022, em uma tentativa de garantir a "manutenção do então presidente da República Jair Bolsonaro no poder".
Entre os elementos elencados para a operação, muitos vieram da delação premiada feita pelo oficial do Exército, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Ele é investigado em diferentes apurações relacionadas ao ex-presidente.
Agora, a PF vai cobrar do militar que entregue mais informações e detalhes da tentativa de golpe, detalhes que ele não falou no acordo de delação premiada em setembro do ano passado.
O órgão decidiu convocar o ex-ajudante para depor sobre os novos fatos revelados pela operação ontem (8), após pedidos de busca e apreensão de documentos e equipamentos terem sido efetuados.
De acordo com o jornal O Globo, se não colaborar com a PF, Mauro Cid pode até perder o acordo, que permitiu a sua saída do batalhão do Exército em Goiás, onde ficou preso por quatro meses.