De acordo com as estimativas de um grupo de investigação alemão, o Instituto Kiel para a Economia Mundial, a Ucrânia vai precisar receber até o dobro do apoio militar da União Europeia (UE) para preencher a lacuna em sua defesa se a assistência militar dos Estados Unidos para Kiev continuar estagnada.
"Para substituir totalmente a assistência militar dos EUA em 2024, a Europa teria de duplicar o seu atual nível e ritmo de assistência armamentista", diz o documento, publicado nesta sexta-feira (16).
Contudo os dados mostram que o total da ajuda europeia já ultrapassou, e muito, a ajuda norte-americana, "não apenas em termos de compromissos, mas também em termos de dotações de ajuda específicas enviadas à Ucrânia. Além disso, a aprovação do Mecanismo de Apoio à Ucrânia da UE garante mais assistência financeira", destaca o instituto.
A disparidade entre os compromissos e o envio real de ajuda militar do bloco a Kiev continua a ser muito grande. Segundo o levantamento, há 144 bilhões de euros (R$ 770 bilhões) autorizados versus 77 bilhões de euros (R$ 412 bilhões) efetivamente atribuídos.
"Até agora, a transparência limitada exigia um foco nos 'compromissos', ou no montante da ajuda prometida. Com esta última atualização […] os dados de 'alocações' fornecem uma imagem muito melhor sobre a ajuda que realmente chega à Ucrânia."
O futuro da ajuda militar de Washington permanece altamente incerto, visto que a votação de um pacote de US$ 60 bilhões (R$ 298 bilhões) está parada na Câmara dos Representantes, deixando o apoio da UE como a única opção importante de Kiev.
Os últimos fundos restantes para assistência militar dos EUA esgotaram-se no final de 2023.
A ajuda atual continua a ser fornecida por alguns grandes doadores, incluindo os países nórdicos, a Alemanha e o Reino Unido, enquanto a maioria dos apoiantes anteriores prometeram pouco ou nada de novo.
A ministra da Defesa holandesa, Kajsa Ollongren, disse que o esforço para manter o fluxo de suprimentos suficientes para a Ucrânia está ficando mais difícil à medida que "a Rússia fez a transição para o modo de economia de guerra, e eles realmente aumentaram seu lado de munição".
"Estamos muito empenhados em dar à Ucrânia toda a munição de que necessita, mas precisamos começar pelo lado da capacidade de produção. […] Estamos realmente tentando de tudo, e ainda não é suficiente", afirmou Ollongren nesta sexta-feira (16), segundo a Bloomberg.
O estudo do Instituto Kiel surge no momento em que o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, está em Berlim, onde se reuniu com o chanceler Olaf Scholz para assinar um "acordo histórico" de segurança em meio à luta pelo financiamento em Washington.
Ele também discursará na Conferência de Segurança de Munique, no sábado (17), e realizará uma série de encontros bilaterais à margem dessa reunião para angariar apoio militar.