A escalada do conflito israelo-palestino parece interminável após o fracasso das negociações entre o governo Netanyahu e o movimento palestino Hamas, em meio a uma guerra que ameaça a estabilidade de todo o Oriente Médio.
Nesse contexto, a secretária-geral da Anistia Internacional critica a inação da diplomacia global e a incapacidade de várias organizações internacionais em conter a agressão israelense no enclave palestino, que foi praticamente devastado por bombardeios e incursões terrestres das tropas do país.
"A atual conivência diplomática na catastrófica crise humanitária e de direitos humanos em Gaza é o ponto culminante de anos de erosão do Estado de Direito internacional e do sistema global de direitos humanos", acusa Callamard.
"Essa desintegração começou de fato após o 11 de Setembro, quando os Estados Unidos embarcaram em sua 'guerra ao terror', uma campanha que normalizou a ideia de que tudo é permitido na perseguição de 'terroristas'", afirmou a especialista.
E, ao conduzir sua ofensiva em Gaza, Israel adota essa mentalidade "com o apoio dos Estados Unidos".
"Parece que as graves lições morais do Holocausto, da Segunda Guerra Mundial, foram praticamente esquecidas, juntamente com o cerne do princípio de décadas de 'Nunca Mais': sua universalidade absoluta, a noção de que protege todos ou nenhum de nós. Esta desintegração, claramente evidente na destruição de Gaza e na resposta do Ocidente a ela, assinala o fim da ordem baseada em regras e o início de uma nova era", argumenta Callamard.