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Aliados marcam presença em ato de Bolsonaro para reivindicar seu legado, dizem analistas

Como abutres, os aliados políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro compareçam e posaram ao seu lado no ato deste domingo (25) em São Paulo para se apresentarem como herdeiros do bolsonarismo, afirmaram analistas à Sputnik Brasil.
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Convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para reforçar sua força política, a manifestação reuniu cerca de 750 mil pessoas no entorno da avenida Paulista, centro de São Paulo. As informações são da Secretaria de Segurança Pública (SSP), órgão chefiado pelo deputado federal Guilherme Muraro Derrite (PL-SP).
Para a jornalista e socióloga Priscila Lapa, os números "reforçam ainda o protagonismo que esse movimento bolsonarista tem dentro da direita brasileira", mas não são surpreendentes: "mais do mesmo", ela afirma.

"As últimas pesquisas de opinião divulgadas no Brasil têm mostrado claramente essa cristalização de um eleitorado bolsonarista que não oscila para baixo nem para cima."

A novidade do ato, segundo Lapa, esteve no discurso dos presentes, que fugiu de "tudo que caracterizou durante todos esses anos manifestações de cunho bolsonarista", isto é, os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Até porque essa é a linha de defesa de Bolsonaro no processo atual."

Aliados buscam seus espólios

O ato contou com a presença e discursos de diversos aliados de Jair Bolsonaro, como Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal, que está proibido pela Justiça de se encontrar com Bolsonaro por ambos serem investigados na Tempus Veritatis, a sua esposa, Michelle Bolsonaro.
Também estiveram presentes os governadores de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Romeu Zema, os deputados federais Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, os senadores Magno Malta e Marcos Pontes e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
Em vez de reafirmar o poder político de Bolsonaro, afirmou Lapa, os políticos queriam "colar sua imagem junto ao eleitorado bolsonarista".
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Paulo Gracino Júnior, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do Laboratório dos imaginários e conservadorismo (Laicos), vai ainda além, afirmando que os aliados de Bolsonaro buscam "disputar espólio bolsonarista".

"Todos esses atores estão aguardando a queda do Bolsonaro, a sua prisão, para poderem se pronunciarem como herdeiros do Bolsonaro e do bolsonarismo."

O financiador de todo o ato, o pastor Silas Malafaia, destacou Gracino Júnior, é um dos únicos presentes que não possui aspirações a um cargo político, "mas ele tem pretensão de pautar a República", afirmou.

"Ele é como se fosse o [Armand Jean du Plessis de] Richelieu, é um cara que é a eminência parda do governo Bolsonaro. Não é agora não, já faz tempo que o Silas circula nas grandes temáticas do governo."

Para Gracino Júnior, no entanto, a aposta dos políticos de fazer o ato em São Paulo pode não ter sido uma boa escolha. Lá, Bolsonaro perdeu em votos para o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2022.
Em termos de eleições municipais, que ocorrerão neste ano, a passeata não representa muito o clima do país, afirmou. "Ainda que tenha caravanas ali, eu acho que não é uma boa amostra pra eles", afirmou.
As disputas municipais costumam se guiar por outros princípios, lembrou o especialista, "é muito localizada". "Se eles conseguirem tornar essas questões mais nacionais, talvez tenha uma grande influência", afirmou. Mas, ainda assim, isso funcionaria para cidades grandes ou médias, disse, não para as pequenas.

"E a força de um centrão, a força de candidatura de deputados estaduais, federais, ela está em cidades pequenas, não necessariamente em cidades maiores."

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