Altos funcionários taiwaneses questionaram repetidamente membros de uma delegação do Congresso dos EUA sobre a paralisação da ajuda de Washington à Ucrânia devido às repercussões que isso poderia ter sobre a segurança da ilha, informa no sábado (24) o jornal norte-americano Politico.
A delegação de cinco membros se reuniu com a presidente taiwanesa cessante Tsai Ing-wen e o presidente eleito Lai Ching-te, entre outros altos responsáveis, durante uma viagem de três dias a Taipé.
"Taiwan está extremamente interessada na [questão da] Ucrânia e extremamente preocupada com a possibilidade de estarmos nos afastando da Ucrânia", disse na sexta-feira (23) Mike Gallagher, presidente do Comitê Seleto da Câmara sobre Competição Estratégica EUA-China, durante o último dia da visita liderada por ele.
Gallagher reconheceu que o fato de os EUA não continuarem apoiando a Ucrânia em seu conflito com a Rússia, por causa do pacote de US$ 60 bilhões (R$ 299,7 bilhões) paralisado no Congresso, poderia ter um impacto desestabilizador no estreito de Taiwan.
"O resultado na Ucrânia é importante não apenas para a Ucrânia e para a credibilidade dos EUA, mas também para a dissuasão no Indo-Pacífico, para a dissuasão através do estreito" de Taiwan, explicou ele.
O congressista tentou tranquilizar as autoridades taiwanesas, temerosas de que um segundo mandato de Donald Trump corte a assistência à ilha.
"O povo de Taiwan deve ter confiança de que, não importa o quanto nossas eleições sejam controversas, os Estados Unidos apoiarão firmemente Taiwan."
Ao mesmo tempo, Mike Gallagher lamentou os atrasos nas entregas de armas a Taiwan, que chegam a US$ 19 bilhões (R$ 94,91 bilhões). Ele reconheceu que a questão "não será resolvida em breve" e exigiu soluções "criativas", incluindo a transferência da produção de drones aéreos e submarinos dos EUA para Taiwan, a fim de acelerar as entregas.
O congressista democrata Raja Krishnamoorthi, por sua vez, notou que altos funcionários taiwaneses "estão observando os pedidos suplementares para a Ucrânia como falcões", e acrescentou que Taipé considera uma "vitória da Ucrânia" algo "incrivelmente importante para enviar uma mensagem ao Partido Comunista Chinês".