Os grupos de manifestantes poloneses começaram a bloquear ruas desde as primeiras horas da manhã, relatam meios de comunicação locais. O protesto causou desvios ou interrupções em várias rotas de transporte público, além de longos congestionamentos nas principais estradas ao redor de Varsóvia.
Os organizadores estimam pelo menos 10 mil participantes no ato. A marcha foi liderada por uma imitação de um tanque Abrams dos EUA feito de fardos de feno e rebocado por um trator que exibia uma faixa com os slogans "Um muro para o agricultor", "Sou agricultor, não um escravo" e "Pacto Verde = fome". Os manifestantes marcharam pelo centro da cidade, e o ato parou em frente aos edifícios da câmara baixa do Parlamento e do escritório do primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.
Os agricultores acenderam fogueiras e fogos de artifício na praça Defilad, onde a polícia deteve um homem que, segundo relatos preliminares, tentou incendiar um contêiner de lixo e depois agrediu um oficial.
Uma delegação de manifestantes foi recebida na sede parlamentar no início da tarde. "Foi uma conversa simples sem qualquer concretização. Infelizmente nada foi acordado, além da promessa de criar uma mesa redonda com representantes dos agricultores e das autoridades. Nada mais do que palavras. […] Esperamos ações reais e concretas. Até o momento, não há nada", disse um dos líderes do protesto, Szczepan Wojcik.
Após o encontro com autoridades do país, Wojcik declarou aos manifestantes que "não há acordo, há demandas. Agora estamos aguardando que o Parlamento e aqueles no poder se movam". "O que podíamos fazer, fizemos. Nossa voz foi ouvida", acrescentou.
As manifestações dos agricultores poloneses começaram em vários pontos do país em 9 de fevereiro, em um contexto de protestos semelhantes em toda a Europa. Os manifestantes se opõem à entrada de produtos agrícolas ucranianos e criticam os princípios do Pacto Verde da UE. Segundo o analista internacional Iñaki Gil de San Vicente, as empresas que controlam o mercado agrícola da Ucrânia usam o conflito como desculpa para inundar os países europeus com seu grão, violando as normas comunitárias.
O Pacto Verde Europeu é um pacote de iniciativas políticas cujo objetivo é colocar a UE na trajetória da transformação ecológica e alcançar a neutralidade climática até 2050. O pacote inclui iniciativas em áreas intimamente relacionadas, como clima, meio ambiente, energia, transporte, indústria, agricultura e financiamento sustentável.