Panorama internacional

Mídia: rompimento entre Macron e Scholz está prejudicando os esforços para defender a Ucrânia

O desacordo público entre os líderes da França e da Alemanha chega no pior momento possível para a Ucrânia em que a União Europeia (UE) segue sem liderança clara e o Senado norte-americano atrasa o envio de ajuda a Kiev.
Sputnik
O presidente francês Emmanuel Macron deixou uma mensagem clara na cúpula de líderes europeus em Paris: ajude a Ucrânia a vencer o conflito e mantenha a Rússia em dúvida, mas de acordo com a Bloomberg, o subtexto de seu discurso é o desprezo pelo chanceler alemão Olaf Scholz, que discordou de seu posicionamento.
Scholz foi rápido em contradizer publicamente a posição de Macron assim que essa chegou às manchetes descartando categoricamente a possibilidade de as nações europeias enviarem tropas para a Ucrânia.

Segundo a apuração, um responsável do governo Macron, sob condição de anonimato, afirmou que o líder francês vê Scholz como alguém sem coragem e ambição, que não consegue pensar além do curto prazo.

Essa percepção significa que outra indireta de Macron não foi bem recebida em Berlim quando o presidente francês chamou a atenção dos aliados que tinham oferecido à Ucrânia meros "capacetes e sacos-cama" nas vésperas do conflito ucraniano — uma clara crítica à Alemanha.
A briga entre os aliados da Ucrânia ocorre em um momento difícil do conflito ucraniano em que Kiev não possui mais munição suficiente nem recursos para manter qualquer ofensiva na guerra por procuração ocidental contra a Rússia.
O porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, disse à Bloomberg que o desacordo não era entre Macron e Scholz, mas entre o presidente francês e o grupo mais amplo que considerou os seus comentários desajustados.
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Os comentários de Macron sobre um possível envio de tropas terrestres à Ucrânia suscitaram a reação de muitos aliados e do Kremlin, que ressaltou o forte risco de uma escalada na situação caso o Ocidente continue seu esforço para minar e isolar a Rússia.
Entretanto, a percepção de que a Alemanha não está fazendo o suficiente irrita o chanceler, uma vez que Berlim gastou muito mais em ajuda do que a França em toda a crise, questionando ainda se a estratégia do bloco está na direção correta.
De acordo com o Instituto Kiel, os compromissos militares entre janeiro de 2022 e janeiro de 2024 para a Ucrânia totalizaram € 17,7 bilhões (cerca de R$ 95 bilhões) da Alemanha e € 640 milhões (aproximadamente R$ 3,4 bilhões) da França. O governo francês, no entanto, afirma ter gastado € 3,8 bilhões (mais de R$ 20,4 bilhões), sem fornecer uma discriminação desses números.
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