"Vamos acompanhar esta mobilização que é contra a política de Milei, que será ratificada em todos os seus termos no discurso", disse o líder social Eduardo Belliboni à Sputnik.
Diante do ato protocolar em que inaugura as sessões ordinárias do Congresso, diversos coletivos ainda prometeram um "molinetazo", ato realizado desde o início da gestão Milei em que manifestantes pulam as catracas nas estações de trem e do metrô na capital argentina para evitar o pagamento da passagem.
Há ainda a expectativa de que centros de estudantes e associações de bairro, além de personalidades ligadas à área da cultura, se unam aos protestos contra os ajustes do governo e o decreto de necessidade e urgência (DNU) que desregula a economia.
Para Belliboni, o presidente argentino promove "uma ideia contra o movimento operário, contra o movimento popular, contra as liberdades democráticas" e por isso é necessário "se manifestar contra esse plano de Milei, que tem todas as características de um ataque nacional aos trabalhadores".
Repúdio durante o discurso no Congresso
A Unidade Piquetera, frente que reúne cerca de 30 grupos, movimentos sociais e políticos de esquerda, vai se reunir no início da noite em frente ao Congresso, em repúdio ao discurso do presidente, em uma mudança de tradição sem precedentes.
Quase três meses após o presidente assumir o Executivo, o líder do movimento disse que "há claramente uma consciência de que Milei traiu seu mandato, pois ele dizia que o ajuste [fiscal] seria pago pela 'casta', e não pelo povo".
Já a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que implementou um protocolo para impedir bloqueios das vias públicas, "é uma pessoa que não hesita em reprimir o protesto popular, enquanto nos bairros crescem o crime organizado e o narcotráfico e a segurança pública é abandonada", completou Belliboni.
A expectativa é que Milei realize um breve balanço da atual gestão e confirme as prioridades de seu governo, que passam pelo severo ajuste no gasto público para reduzir a inflação, de 20,6% só em janeiro.
O discurso ainda ocorre em um clima de tensão com os governadores do país, depois que o presidente cortou verbas orçamentárias.