Duas das maiores empresas do mundo, a Amazon e a Walt Disney Company compram minério oriundo de garimpo ilegal em terras indígenas Yanomami no Brasil, entre os estados de Roraima e do Amazonas.
A informação foi veiculada neste domingo (3) pela Folha de S. Paulo, que teve acesso a dados de uma investigação lançada pela Polícia Federal (PF) e pela Comissão de Valores Imobiliários dos EUA.
Na investigação, a PF apurou as operações da mineradora White Solder Metalurgia e Mineração, que produz estanho em escala global. Ela foi alvo de uma operação da PF em 2023, após ser listada como destino de R$ 166 milhões em cassiterita proveniente da Cooperativa de Produtores de Estanho do Brasil, apontada pelos investigadores como intermediária entre a mineradora e organizações criminosas que praticam garimpo ilegal.
A investigação apontou que a White Solder consta no portal da Comissão de Valores Imobiliários dos EUA, como uma das fornecedoras de material para grandes empresas, entre elas a Disney, a Amazon e a Starbucks.
Segundo os investigadores, de forma deliberada ou por negligência, a White Solder adquiria o material oriundo de garimpo ilegal por meio da Cooperativa de Produtores de Estanho do Brasil. Em seguida, o material era processado e vendido a multinacionais, incluindo big techs norte-americanas.
Procuradas pelos repórteres da Folha, a Amazon e a Disney optaram por não comentar o assunto. Já a Starbucks afirmou que está comprometida com valores éticos em toda sua cadeia de fornecedores, e informou não ter mais contratos vigentes com a White Solder.
O povo indígena Yanomami atravessa uma grave crise humanitária, desencadeada pelo garimpo ilegal, que contamina rios e terras com metais pesados, principalmente mercúrio, o que limita o acesso a água e alimentos para consumo. Ademais, o garimpo ilegal também cria poços de água parada que se tornam criadouros de mosquitos transmissores da malária.