No entanto, o governo israelense bloqueou parte da ajuda humanitária brasileira. Segundo o Itamaraty, que confirmou a informação ao jornal O Globo, as autoridades israelenses alegam motivo de segurança.
Isso porque placas solares foram acopladas aos purificadores, para que os equipamentos possam funcionar. O uso das placas "para outros fins" foi a justificativa.
A retenção da carga brasileira foi noticiada pelo deputado italiano Ângelo Bonelli, do partido Europa Verde. Bonelli, que está na região, disse em suas redes sociais que 400 pacotes estavam na passagem de Rafah, dos quais 30 foram enviados pelo Brasil.
No entanto, diplomatas ouvidos pela mídia não analisaram o impedimento posto por Israel como consequência da recente crise diplomática entre os dois países.
A avaliação foi que esse tipo de procedimento de segurança é adotado com frequência no ingresso de alimentos, remédios e outros itens como ajuda humanitária às pessoas que se encontram na Faixa de Gaza.
De acordo com o deputado italiano, caminhões de ajuda humanitária entram aos poucos. "De 1.500 a 2.000 caminhões aguardam até 30 dias para receber o sinal verde israelense. As crianças começam a morrer de fome. É um horror que deve ser interrompido", afirmou Bonelli.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu ao bloqueio e afirmou que a população da Faixa de Gaza tem sido impedida de receber ajuda humanitária. Segundo Lula, diante do conflito de israelenses contra o Hamas, "mais de 30 toneladas" de alimentos deixaram de ser enviados para a região.
"Não é possível continuar essa matança sem que o conselho de segurança da ONU pare essa guerra e permita que chegue alimento e remédio. Tem mais de 30 tonelada de alimento estocada que não consegue chegar", afirmou o mandatário.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza estão à beira da fome, especialmente no norte, onde as forças israelenses bloqueiam a entrada de ajuda.
"No dia do acontecimento [do ataque do Hamas], a primeira coisa que o Brasil fez foi condenar o ato terrorista do Hamas, mas não podemos deixar de condenar atuação do governo de Israel com relação aos palestinos. Continuo achando que o Conselho de Segurança da ONU tem obrigação de tomar atitude, abrir corredor humanitário e permitir que chegue água, comida, remédio e que pessoas sejam tratadas", complementou Lula.
Pelo menos 30.717 palestinos foram mortos e 72.156 feridos em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro. O número de mortos em Israel é de cerca de 1.300 e 250 sequestrados.