De acordo com o Financial Times (FT), o comércio exterior chinês cresceu mais rapidamente do que o esperado nos primeiros dois meses deste ano, impulsionado em parte pela eletrônica e pelo aumento das exportações para os mercados emergentes e para a Rússia, com o ministro das Relações Exteriores de Pequim justificando "um novo paradigma" nas relações entre os dois países.
Segundo dados da Reuters, as exportações da China em janeiro e fevereiro aumentaram 7,1% em comparação com o ano anterior, superando estimativas de analistas ouvidos pela mídia que previam um aumento de 1,9%. As importações aumentaram 3,5%, em comparação com uma estimativa de 1,5%.
"Um grande impulsionador dessa recuperação das exportações tem sido basicamente a ascensão do ciclo global de produtos tecnológicos, basicamente eletrônicos", disse o economista-chefe para a China da consultoria UBS, Tao Wang. "Já vimos isso, este ciclo chegou ao fundo, no final do ano passado."
A economia da China está se recuperando de uma crise imobiliária, e tem buscado por formas de impulsionar a confiança dos consumidores e dos investidores após a crise de abastecimento produzida pelas políticas de combate à pandemia de COVID-19, registrando uma queda nas receitas de exportação que se estendeu até o ano passado, estipulando uma meta ambiciosa de 5% de crescimento do produto interno bruto (PIB) para este ano.
O bloco da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) foi o maior parceiro comercial da China já nos primeiros meses do ano com alta de 4,8%, seguido pela União Europeia (UE) que registrou queda de 4,1%. O comércio com os EUA aumentou ligeiramente, 0,7%.
A Rússia se tornou o quinto maior parceiro comercial da China no ano passado, bem acima da nona posição registrada em 2020, com crescimento de 9,3% no comércio bilateral, atingindo, somente nos dois primeiros meses deste ano, uma marca de US$ 37 bilhões (mais de R$ 182 bilhões), com aumento das exportações chinesas em 12,5%. O comércio bilateral entre os Estados já atingiu US$ 240 bilhões (cerca de R$ 1,1 trilhão), ultrapassando a meta estipulada por eles de US$ 200 bilhões (aproximadamente R$ 989 bilhões).
"A China e a Rússia criaram um paradigma nas relações entre os principais países", disse Wang. "A confiança política mútua dos dois lados continua a se aprofundar, a cooperação mutuamente benéfica e as vantagens complementares estão sendo procuradas e os intercâmbios interpessoais estão florescendo", disse Wang durante uma coletiva de imprensa por ocasião da reunião da Assembleia Popular Nacional (APN).
Ainda segundo a apuração, os líderes europeus vêm alertando Pequim que seu apoio à Rússia está minando a popularidade da China na UE. Mas além de a China insistir que sua parceria com o seu vizinho é do seu próprio interesse, não sendo dirigida a quaisquer "terceiros", a capacidade de pressão do bloco europeu não é tão significativa uma vez que a balança comercial é favorável ao gigante asiático.
"As relações sino-russas estão em conformidade com a tendência de multipolarização mundial e de democratização das relações internacionais", disse Wang ao criticar a "hegemonia" norte-americana, que, segundo ele, "diz uma coisa e faz outra".
Além do comércio com a Rússia, o comércio com o Brasil e a Índia aumentou durante os primeiros dois meses em 33,3% e 15,8%, respectivamente.