Os desiludidos militares ucranianos estão planejando assumir o controle da Suprema Rada (parlamento ucraniano), revela uma troca de mensagens de um canal privado do Telegram chamado ParaBelum, obtida pela Sputnik.
"Este poderia ser um cenário de substituição do presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, sem a realização de eleições", disse Aleksandr Dudchak, pesquisador do Instituto dos Países da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e especialista do movimento "Outra Ucrânia", à Sputnik.
Os membros do canal confidencial, composto por comandantes e soldados de unidades de elite das Forças Armadas ucranianas, discutiam opções para derrubar o atual governo e seu comando militar após a demissão do então comandante em chefe, o general Valery Zaluzhny.
"A ação mais importante que precisaremos realizar rapidamente é a tomada da VR [Suprema Rada] em um determinado momento", escreveu um dos participantes do bate-papo.
Os integrantes também expressaram insatisfação com as decisões de Zelensky e do novo comandante em chefe das Forças Armadas ucranianas, Aleksandr Syrsky, que foi nomeado há um mês para substituir Zaluzhny. Os alegados conspiradores golpistas deram especial ênfase ao envolvimento das tropas ucranianas que lutam na linha de frente no movimento anti-Zelensky.
Segundo o pesquisador Dudchak, o envolvimento de pessoal ucraniano em serviço ativo está repleto de riscos, uma vez que aqueles que estão nas trincheiras são monitorados de perto por mercenários estrangeiros de "destacamentos de contenção" com ordens para disparar em qualquer um que abandone as suas posições.
Se as tropas ucranianas forem autorizadas a marchar em direção a Kiev, isso significaria que o cenário de mudança de regime foi escrito em Washington em resposta à recusa de Zelensky em realizar eleições neste ano, argumentou Dudchak.
Os líderes das unidades de elite ucranianas, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla em ucraniano) e os batalhões nacionalistas Azov e Aidar (organizações nazistas terroristas, proibidas na Rússia) também estão supostamente planejando criar um partido radical com uma ala militar.
O especialista insiste que nenhuma das estruturas militares e de inteligência ucranianas é independente, argumentando que cada uma delas tem "supervisores" britânicos ou norte-americanos.
"O confronto entre os militares e o regime de Kiev é, em geral, uma manifestação do confronto entre Londres e Washington", disse Dudchak. "O gabinete do presidente está sob controle britânico, enquanto os militares, que supostamente se reunirão em nome de Zaluzhny, estão sob o controle dos norte-americanos, e a SBU também é uma estrutura apoiada pelos EUA."
As consequências para Kiev seriam dramáticas e poderiam complicar seriamente as posições dos militares ucranianos na linha de frente, concluiu o pesquisador.